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Jutta Kleinschmidt, a primeira Campeã do Dakar
Esta mulher, natural de Colônia, na Alemanha, tem a vida dos sonhos de todo piloto de rally brasileiro: ela é piloto profissional e vive apenas desta atividade. Como se não bastasse, aos 38 anos de idade, ela entrou para a história do automobilismo mundial ao se tornar a primeira mulher a vencer o lendário Rally Paris-Dakar, a mais dura competição off-road do mundo, justamente em 2001, considerada uma de suas edições mais difíceis. Como recompensa pela brilhante vitória, ela ainda alcançou o almejado posto de piloto oficial da Mitsubishi do Japão (uma vez que até o Dakar 2001 ela corria com um carro próprio, patrocinada pela Mitsubishi da Alemanha).
Estamos falando de Jutta Kleinschmidt, piloto que foi responsável por trazer de volta à Mitsubishi o título do Paris-Dakar, que estava nas mãos de Jean-Louis Schlesser havia dois anos. Por telefone, em uma conversa super descontraída, direto da França, Jutta contou à reportagem de Planeta Off-Road o que mudou em sua vida de piloto com a vitória no Dakar e falou das dificuldades que uma mulher enfrenta no meio predominantemente masculino do rally off-road. Confira!
Planeta Off-Road: Quando e como começou sua carreira como piloto e por que escolheu o off-road?
Jutta Kleinschmidt: Eu começei como piloto de moto e depois fui para as quatro rodas. Os rallies off-road, como o Paris-Dakar, são uma boa mistura de competição e aventura.
POR: O rally off-road é um esporte predominantemente masculino. Você sente algum tipo de preconceito sendo uma das poucas mulheres neste meio?
JK: Sim, é claro. Há talvez um pouco mais de pressão quando você faz as mesmas coisas que os homens. Há também problemas para se ter acesso às melhores e mais modernas tecnologias, já que os homens têm preferência. Isto porque eles sempre acham que as mulheres não podem ser tão rápidas quanto eles.
POR: Ainda sobre o mesmo assunto, você acredita que o fato de ser mulher tornou maior ainda o desafio de conseguir uma vaga como piloto oficial da Mitsubishi?
JK: Sim, um pouco. Na verdade, há dois anos eu queria ser um piloto oficial e foi difícil, mas depois de vencer o Paris-Dakar eu consegui. É mais fácil para os homens porque, se você é homem, eles acreditam que você é bom. E como nenhuma mulher venceu antes, os homens são considerados melhores.
“É mais fácil para os homens porque, se você é homem, eles acreditam que você é bom. E como nenhuma mulher venceu antes, os homens são considerados melhores”.
POR: O que a vitória no Rally Paris-Dakar 2001 modificou em sua vida como piloto?
JK: A grande mudança é que eu agora sou um piloto oficial da Mitsubishi do Japão, o que é muito bom para mim porque eu terei um carro de um piloto oficial no próximo Paris-Dakar.
POR: Em algum momento do Paris-Dakar 2001 houve determinação da Mitsubishi para que você deixasse o Hiroshi Masuoka, piloto oficial da montadora, vencer a prova?
JK: Não, porque eu não era piloto oficial. A Mitsubishi da Alemanha estava me patrocinando, mas o carro era meu e eu era responsável pelos resultados. Em momento algum eles poderiam me pedir para deixar Masuoka vencer
POR: Na sua opinião, além do tamanho da prova, que outros fatores tornam o Paris-Dakar uma prova tão especial em relação às demais etapas do Campeonato Mundial de Rally Cross-Country?
JK: Uma das coisas, certamente, é que o Paris-Dakar é o rally mais longo; são 21 dias, uma corrida muito, muito longa. O segundo fator é que é o rally mais longo também em quilômetros. Você tem que fazer mais de 10.000 quilômetros e a cada dia você tem que fazer entre 600 e 1.000 quilômetros; é realmente uma corrida muito, muito longa. E ainda tem de passar também por dunas, montanhas e muitos outros tipos de dificuldades.
POR: Qual sua perspectiva para o Mundial deste ano? Quem você apontaria como favoritos ao título de 2001?
JK: Eu quero ganhar o Campeonato, é claro. Nós estamos liderando agora depois de três corridas. Temos mais seis corridas pela frente e tentaremos vencer o Mundial. Os favoritos são os mesmos do ano passado: a equipe de Jean-Louis Schlesser, toda a equipe da Mitsubishi, com cerca de seis carros, e, é claro, a equipe da Nissan, que está cada vez melhor e vem fazendo grandes progressos, e a Ford, com Bruno Sabi,outro piloto que também é muito rápido.
POR: Você já ouviu falar do Rally Internacional dos Sertões, competição realizada anualmente no Brasil, cujo percurso atravessa cerca de 5 mil quilômetros do território do País?
JK: Não, nunca ouvi falar. 5 mil quilômetros?! Uau! Parece interessante! Eu tenho de ir…(risos).
POR: Você pretende continuar correndo pela Mitsubishi na próxima temporada?
JK: Sim, nós temos um contrato por três temporadas, incluindo o próximo Paris-Dakar.
Por: Humberto Mainenti | Intérprete: Cristiane Oliveira | Fotos: arquivo pessoal