Já imaginou um jipe francês? E que esse jipe não foi muito bem aceito pelo exército por ter muitos avanços tecnológicos? Este é o Delahaye VLR que encontramos restaurado em Minas Gerais
Produzindo carros de alto luxo, bem ao gosto do usuário francês, a Delahaye viu-se em situação comercial totalmente desfavorável com início da Segunda Grande Guerra. Os compradores simplesmente desapareceram. A solução era óbvia: fabricar veículos militares! Nascia o Jipe Delahaye para uso militar. Com o fim da guerra, o comércio destes veículos também caiu. Mas a Delahaye não desistiu: aprimorou seus modelos para uso civil, acrescentando ao seu mercado um público ruralista. No total, a Delahaye fabricou apenas 9.623 jipes, a maioria Delahaye VLR (Voiture Légère de Reconnnaissance – viatura ligeira de reconhecimento), militares, e um pequeno número do variante civil de 12 volts, o VLRC-12. O preço da versão civil mostrou-se porém, demasiadamente alto, devido ao número abundante de jipes militares, sobras-de-guerra, restaurados e comercializados.
Em 1947 o exército francês decidiu substituir seu estoque de Jeep Willys e Ford por uma geração nova do VLR. A antiga versão militar passou por uma reformulação no projeto e em 1951 o exército aprovou o novo modelo mais sofisticado, com suspensão independente e ajustável, por barra de torção nas quatro rodas (sistema semelhante ao usado no Fusca), transmissão sincronizada de quatro velocidades, bloco do motor em alumínio, cárter seco e sistema elétrico de 24 volts, etc. Porém no uso diário, ininterrupto, muitas vezes em estradas deficientes e sem uma adequada manutenção, revelou que o modelo não se mostrava tão eficaz como nos testes feitos por técnicos. Em 1952 e 53 novas modificações foram feitas: novo design do sistema diferencial, assentos mais seguros e mais confortáveis e outras alterações de caráter técnico, adaptando-o melhor, tanto para o uso civil como militar.
Para o Brasil vieram pouquíssimos jipes Delahaye VLR, modelos 1952/53, adquiridos pelo Governo de Minas Gerais. Juscelino Kubitschek, na época governador do Estado, trouxe alguns veículos franceses para uso da Polícia Militar e pelo DER. Allen Roscoe, arquiteto e artista plástico, restaurou completamente o Delahaye seguindo padrões de veículos militares utilizados em terrenos arenosos. “Mandei pintá-lo na cor bege claro usada por alguns exércitos para camuflagem em combate no deserto”, explica. “Atualmente só se tem notícia de três jipes desses no Brasil, porém um deles encontra-se totalmente desmontado, praticamente destruído”, esclarece Allen. Ele julga que o seu é modelo 52, mas não afirma com certeza absoluta, pois os modelos 52 e 53, em suas características físicas, são iguais. Uma coisa é certa: o Delahaye que ele possui em seu galpão é uma raridade.
Por: Adriano Rocha / Fotos: Adriano Rocha
Meu pai teve um Jipe Delahaye que foi adquirido em um leilão do DER, por volta de 1960.
Estou com um jipe Delahaye na minha oficina para restauração, começarei o trabalho em 2020 se Deus quiser