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junho 18, 2018

Militar modernizado

Com características originais, mas repotencializado para superar obstáculos

O mecânico Ângelo Meliani é um apaixonado por veículos militares desde criança. Na época, observava os jipes dos soldados do exército que iam buscar pombos-correio na casa de um criador, vizinho seu. Sobre o “Neguinho”, apelido carinhoso que deu ao seu Jeep Willys, Ângelo tem muita história para contar. A começar pela forma como o veículo foi adquirido, há 17 anos. “Fui para Ubatuba e um amigo me falou sobre o jipe, que estava sendo vendido a um preço equivalente ao do motor de um Opala. Pedi a meu pai que fosse ver o tal jipe e, sem que eu soubesse, ele acabou trazendo o veículo. O transporte demorou um dia inteiro, pois o carro não tinha câmbio, feixes de mola e os dois diferenciais estavam destruídos. Quando voltei para casa, levei um susto: o jipe já estava na garagem”, lembra Meliani.

Fabricado em 1951, o Jeep foi transformado por Meliani para ficar como o modelo 1942. Demorou três anos para que o Willys pudesse rodar, e, após esse período, ainda foram feitas outras modificações. “Ele não foi restaurado, foi repotencializado”, afirma Meliani. O motor, um Chevrolet 151, de quatro cilindros, recebeu carburação de corpo duplo e injeção eletrônica. O câmbio é o mesmo do Jeep Ford OHC, de quatro marchas. Além dessas modificações, Meliani instalou um guincho mecânico Biselli – com capacidade para seis toneladas -, eixo flutuante na traseira. Os freios – a disco, ventilados nas quatro rodas – vieram de um Ford Galax. O jumelo também foi alterado para que o veículo ficasse mais alto em relação ao solo. Para completar, o sistema elétrico foi trocado de 6 para 12 volts.

Meliani fez questão de modernizar o jipe, que ele utiliza tanto para as atividades rotineiras como para fazer trilhas. O mecânico garante que todas as intervenções foram feitas sem que o jipe perdesse o espírito de veículo militar. A capota de tecido importado e as cintas para prender os galões foram produzidas para o jipe, seguindo o padrão militar. “Ele tem todos os acessórios de um veículo militar da Segunda Guerra. Adquiri uma grade e um volante de um jipe 1942; arranjei um quadro de pára-brisa que veio dos Estados Unidos e fui montando o ‘Neguinho’”. O velocímetro e o hodômetro parcial – com botão de ajuste – vieram da França, onde o modelo Willys 42 foi fabricado até 1972. “Coloquei o suporte de fuzil, antena militar e todos os complementos que estavam faltando,” enfatiza. “Decidi ter um carro que atendesse as minhas necessidades, tanto em passeios fora-de-estrada como no dia-a-dia. Escolhi um veículo militar por ele ser mais completo”, explica Meliani.

A reconstrução do “Neguinho” foi feita pelo próprio Meliani, que possui uma oficina, onde trabalha na restauração e reforma de outros jipes, juntamente com seu pai, Aldo Meliani. “O Jeep é um carro robusto, que não quebra. Há cinco anos não faço manutenção. Troco apenas o óleo do motor uma ou duas vezes ao ano. Agora, se for para utilizá-lo fora da estrada, tem de haver mais cuidado. É necessário lavar o jipe e engraxá-lo antes e depois da trilha”, ensina. Meliani faz questão de frisar que não possui o jipe para se exibir, mas, acima de tudo, porque gosta. “Esse carro tem tudo de melhor que pude colocar nele. Até hoje, só me deu alegria”, orgulha-se o proprietário.

Por: Georgia Utsch / Fotos: Adriano Rocha

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