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julho 14, 2021

Uma F75 muito animal!

A história dessa F75 construída pelo paulista Fernando Risso é longa. A relação com os jipes é antiga na família Risso, mas tudo ficou mais intenso depois que o irmão de Fernando comprou um Jeep após entrar na faculdade. Isso foi em 1997 e o Jeep era um Ford 1976 4 cilindros. Basicamente original, o 4×4 gerou uma mistura de emoções: por um lado proporcionou bons passeios, mas, por outro, tinha o problema de falta de força, suspensão dura e ruim, mesmo com algumas alterações feitas.

O Jeep 76 foi vendido e o irmão de Fernando partiu para montar seu próprio jipe com motor mais forte e suspensão adequada. Foi assim que surgiu o BoB que, após cinco anos de trabalho realizado pela família, ficou pronto com motor 4.1, câmbio Clark, t-case Willys Dana 18, eixos Dana 44 de Rural, pneus 35” e suspensão SPOA com jumelos revolver e 4-link com molas ¼ elipse. Um trabalho feito em família que ficou muito bom, feito com raça, suor, ajuda de grandes amigos e várias horas pesquisando na internet.F75

A construção do BoB foi o sinal para que Fernando, que na época possuía um Engesa seis cilindros, vislumbrasse a possibilidade de construir um 4×4 maior. Bastou uma quebra de semieixo traseiro para Risso perder o tesão pelo Engesa e decidir montar um veículo bravo, com eixos ‘a prova de bala’ e suspensão sem fim. Inspirado em uma pick-up que competiu no Top Truck Challenge 2005, Fernando partiu para a construção da sua F75.

O primeiro passo foi a aquisição dos eixos. Um amigo ofereceu um par de eixos Rockwell, que equipam originalmente os caminhões REO 6×6 e suportam até 2 ½ tonelada de carga. Fernando viu nascer seu projeto. “Meus olhos brilharam. O preço era bom e exigiriam um investimento mínimo para se tornarem indestrutíveis”. Esses eixos são muito usados nos EUA, onde, com pequenas alterações, aguentam carros com reduções absurdas, motores com 600 cv e pneus 54 de polegadas. Escolha feita, foi onde tudo começou…

F75

Logo em seguida vieram os pneus 44″x18,5R15 TSL Super Swamper. Depois os bloqueios da Ouverson Engineering vindos dos Estados Unidos. O mesmo amigo dos eixos, providenciou o câmbio SM465, que equipava uma Suburban 1976 V8. Mais uma vez, uma ótima escolha já que, feito para aguentar motores grandes (como o Big-Block 454 da própria Suburban) com 500 cv e muito torque, esse câmbio dificilmente quebra. O motor também chegou. Algo simples e com custo baixo, mas injetado para aguentar as inclinações laterais: um 4.1 mpfi vindo de uma Silverado. Tudo isso aconteceu em 2008.

No ano seguinte, a cabine chegou, com podre para todo lado! Foi preciso uma reforma completa e a adaptação da frente ‘bicudinha’ da Rural americana. Os eixos também passaram por uma revisão enquanto as peças iam chegando, como as rodas beadlock e os terminais rotulares 3.0” da Ballistic Fabrication, que, junto com os coilovers da FOA de 2,5″ de diâmetro e 16″ de comprimento, garantiriam que a suspensão tivesse o curso desejado sem comprometer a resistência.

Com todas as grandes partes prontas, a montagem começou. O projeto do chassi tubular já estava desenvolvido e agora era hora de botar a mão na massa. “Foi um trabalho manual de dobrar tubos, fazer encaixes, soldar, medir, cortar e refazer. Mas, no fim, o chassi ficou como foi desenhado”, ressalta Risso.

F75

Em 2011, começou a montagem da suspensão, posicionamento do conjunto mecânico, freio no pinhão para os dois eixos, flange entre o câmbio e a t-case de F1000 4×4. Nesse ano, a F75 saiu da garagem estava sendo montada para terminar sua construção em uma oficina, a Vale Rally, em Taubaté. Lá foram feitos alguns ajustes na posição dos amortecedores, que estavam batendo nos pneus quando torciam, além de fazer a direção fullhydro funcionar e ligar o motor. Foram longos 2,5 anos até ela andar pela primeira vez. Para Fernando, esse foi um momento único e importante para ganhar motivação.

Já montada, em 2014, a F75 começou a passar por detalhes de finalização do projeto. Um deles foi para resolver o problema de altura, com 2,4 metros. Foram trocadas as molas por outras de cargas menores e, depois de alguns ajustes, finalmente, em 2015, a F75 encarou a sua primeira trilha. O resultado foi espetacular. Mesmo com o tamanho excessivo – que em trilhas mais fechadas acaba atrapalhando – a F75 gigante de Fernando Risso mostrou força, resistência e um trabalho de suspensão incrível. Vê-la vencendo os obstáculos chega a emocionar, principalmente quando sabemos de todo a história e processo de quase sete anos. Emoção que ficou estampada também no rosto de seu criador que concluiu: “A parte mais bacana desse projeto é que, independente das dificuldades, falta de conhecimento, ferramentas ou até mesmo espaço, fui conseguindo montar o carro, que ficou como o planejado e com uma ótima performance em situações extremas”.

Ficha Técnica

  • Motor
    4.1 mpfi com injeção eletrônica
  • Transmissão
    Câmbio 4 marchas SM465
    T-case F1000 Borgwarner 1356 com redução 2.69:1 e acionamento mecânico Easy Traction
    Eixos Rockwell 2,5 ton com semieixos originais, relação 6.72:1 e bloqueios Ouverson Engineering dianteiro e traseiro.
  • Suspensão
    4-link com juntas Ballistic Fabrication de 3.0”
    Amortecedores FOA 2,5” de diâmetro e 16” de comprimento com reservatório externo e kit dual-rate
    Molas King com 3″ diâmetro interno. Dianteiras: 350 lbs/pol x 16″ / 200 lbs/pol x 16″. Traseira: 150lbs/pol x 18″ / 275lbs/pol x 14″
  • Chassi
    Tubular com aço 1020 1 ¾” com 3mm de parede
    Gaiola interna com tubo de aço 1 ½” com 3mm de parede
  • Direção
    Fullhydro PSC, válvula orbital, coluna e pistão duplo de 2,5″ diâmetro c/ 8″ de curso
  • Pneus
    Interco Super Swamper TSL 44″x18,5″x15″
  • Guincho
    Dianteiro Warn 9.5 XP

    F75

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