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Paso de San Francisco
Nosso desafio foi fazer a travessia dos Andes pelo Paso de São Francisco e Paso Água Negra, que unem a Argentina ao Chile pelas mais lindas cordilheiras da América Latina, aventura que só é possível de ser superada no verão em razão da pouca neve
Entre os dias 25 de dezembro de 2008 a 4 de janeiro de 2009 percorremos 6.240 quilômetros, do oceano Atlântico ao Pacífico. A travessia propriamente dita, de Tinogasta na Argentina a Copiapó no Chile, foi de 493 quilômetros de distância e cumprimos a primeira parte de nosso objetivo atravessando o importante Paso de São Francisco.
Tinogasta, nossa cidade base para a partida da travessia foi fundada em 1687 por Don Juan Gregório Bazán de Pedraza. Seu nome, na língua aborígine significa “reunião de povos”. Lá ficamos hospedados no Hotel de Turismo Tinogasta, o mesmo hotel que os organizadores do Rally Dakar ficaram. Uma dica importante é que os restaurantes, que são poucos, abrem somente a partir das 21h00.
A cidade pertence à Província de Catamarca e está situada às margens do Rio Abaucán. Nos arredores existem imensos vinhedos e oliveirais. São produzidos doces e artigos em tear, além de peças talhadas em pedras. São 12 mil habitantes.
Durante a travessia do Paso São Francisco, chegamos a uma altitude de 5.000 metros acima do nível do mar. Observamos nessa região o animal típico dos Andes: o guanaco, que foi escolhido por nós para ser o símbolo de nossa expedição, fazendo parte do logo nos adesivos e camisetas.
O guanaco é um animal da espécie Llama Guanicoe – um camelídeo, com pelagem mais curta que a Ihama e a alpaca. Pode passar até quatro dias sem comer e vive em bandos. Habita grandes altitudes próximas dos quatro mil metros acima do nível do mar. Por ser pequeno e esbelto, com até 1,30 metros de altura, pode atingir até 65 km/h. É o mais raro animal dos Andes, pois é muito procurado por sua carne de fibras finas.
Vulcões, montanhas imensas, picos com neve eterna, lagoas e paisagens desérticas são as imagens que guardaremos na memória desse nosso desafio.
No Chile, saímos de Copiapó para a cidade balneária de La Serena e a partir daí enfrentamos o nosso segundo desafio com a travessia do Paso Água Negra, com 345 quilômetros de extensão. A estrada é perigosa, estreita – por vezes permitindo o fluxo apenas em um sentido – repleta de curvas, pedras soltas e muita, muita poeira.
Copiapó fica no norte do Chile, a cerca de 800 quilômetros de Santiago e é a capital da região de Atacama, onde se localiza um dos maiores desertos do mundo. Chove em média apenas 100 mm por ano, portanto quase nada. A bacia hidrográfica do rio Copiapó, que nasce na Cordilheira dos Andes, é alimentada pela neve que recarrega os aquíferos. A cidade possui 120 mil habitantes e a principal fonte de renda vem da mineração e da agricultura. Em Copiapó ficamos no simpático Hotel La Casona, que não conta com ar-condicionado, mas o jantar é saboroso!
La Serena é a capital da Região de Coquimbo e possui 160.148 habitantes. Durante o inverno é bastante fria, pois fica muito perto da Cordilheira dos Andes. Vale lembrar que as praias de La Serena são banhadas pelo Oceano Pacífico, de modo que, mesmo durante o verão, não é raro ter temperaturas da água em torno de 15Cº. O balneário conta com excelente centro gastronômico e hoteleiro. Atualmente, os chilenos o elegeram para passar o verão, tanto que nesta época do ano, em virtude das férias, não conseguimos vaga em nenhum hotel.
Em La Serena fizemos um city tour panorâmico pela cidade, conhecendo e visitando suas principais atrações como as avenidas Francisco de Aguirre, Cordevés e del Mar, à borda do Oceano Pacífico.
Perto de La Serena encontra-se a simpática cidade vizinha Vicuña, cravada no Valle del Elqui. Ali visitamos o Observatório Cerro Mamalluca, no qual, após termos uma aula sobre astronomia, pudemos observar as estrelas do claro céu que nos oferece esta zona do Chile. A título de curiosidade, esta região conta com inúmeros observatórios, dando origem a um particular circuito turístico, conhecido como a rota dos observatórios. É um vilarejo muito pitoresco, no qual pudemos observar a forte colonização espanhola. As construções são bem típicas das antigas fazendas, contando com um enorme pátio, ladeado pelos quartos. Foi nesta pequena cidade que nasceu uma das maiores poetisas chilenas, Gabriela Mistral, ganhadora do Prêmio Nobel em 1945 e do Prêmio Nacional de Literatura em 1951. A região é belíssima, sendo o Vale del Elqui conhecido por sua famosa fabricação do pisco, uma espécie de aguardente de uva.
De volta à Argentina, pernoitamos em San Juan e lá passamos nosso reveillon. Dia 1º de janeiro seguimos para a maravilhosa Córdoba, via estrada de “los Tuneles” e lá caminhamos pelo calçadão no centro nervoso da cidade e saboreamos um delicioso café. Córdoba é a segunda cidade mais importante da Argentina, tendo mais de um milhão de habitantes. Depois, fomos em direção a Concórdia e após uma passada rápida por Rivera, no Uruguai, tomamos o rumo de casa!
Dicas importantes
• O horário de funcionamento da aduana do Chile/Argentina, para percorrer o Paso Água Negra é das 07h00 às 17h00. A aduana é exclusiva para carros de passeio, sendo proibida para ônibus e caminhões. Ela fecha na primeira nevasca de julho e só reabre em novembro.
• Na travessia do Paso de São Francisco são aproximadamente 100 quilômetros nos quais se permanecem na altitude de 4.800 metros. Por esta razão é bom levar oxigênio, porque dores de cabeça e sonolência incontrolável são comuns de ocorrer.
• Por precaução, é bom levar combustível, pois o Paso de São Francisco não conta com postos de gasolina! Cada Wrangler levou junto ao estepe, um galão com 20 litros de gasolina para enfrentar a travessia dos 493 quilômetros de deserto montanhoso, mas não foi necessário o reabastecimento.
• O preço do combustível está melhor no Chile do que na Argentina.
• No Chile o turista é muito bem recebido. Comida excelente e ótimos preços nos hotéis e restaurantes. Nem toda reserva pode ser feita pela internet, mas por telefone é muito confiável e não exigem qualquer depósito ou garantia.
• Para a travessia dos Andes é absolutamente necessário levar a moeda local, pela ausência de “maquininhas para cartão” e o não recebimento do dólar nas pequenas localidades situadas antes e depois dos Pasos.
• Nos Pasos pode-se observar vários abrigos que, se necessário, em caso de pane nos veículos, podem ser habitados, abrigando as pessoas das baixíssimas temperaturas durante a madrugada.
• Mesmo no verão é impossível fazer a travessia sem pelo menos um corta vento.
• Em razão da altitude é recomendado um leve café da manhã e não almoçar durante o trajeto. Respirar com mais frequência, caminhar muito devagar – correr nem pensar – e evitar qualquer tipo de esforço ajuda a minimizar o “mal da montanha”.
por: Renato Hadlich
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