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O istmo intransponível
Já são mais de quatro décadas e o temido Darien Gap continua lá, quase invencível, separando as Américas
Missão cumprida! Foi com essa breve mensagem que Jeremy Growes anunciou, em 9 de junho de 1972, a conclusão bem-sucedida da Expedição British Trans-Americas. A missão em questão é considerada uma das maiores aventuras off-road já feita.
A expedição começou em dezembro de 1971 em Anchorage, no Alasca, e terminou na Tierra del Fuego, extremo da América do Sul. O percurso de 23 mil quilômetros, vencido com dois veículos Range Rover, não era tão assustador assim a não ser por um detalhe. Várias equipes já tinham realizado a incursão de atravessar as Américas, mas quando chegavam ao istmo do Panamá embarcavam os veículos em balsas. A British Trans-Americas fez diferente e enfrentou o chamado Darien Gap, um trecho de 400 quilômetros de selva tropical até então considerado instransponível para qualquer veículo. Só esta parte do desafio consumiu três meses da expedição.
Partindo do Alasca, pelas estradas de Whitehorse e Dawson, a primeira parte da expedição enfrentou estradas com gelo e neve. Logo os problemas apareceram. No Canadá, a equipe quase perdeu um dos Range Rover após bater em um caminhão encalhado na pista escorregadia em função do gelo. Foi preciso uma parada de uma semana em Vancouver para colocar o carro em condições de continuar a viagem. Num ritmo de 500 quilômetros percorridos por dia, os expedicionários logo chegaram ao Panamá.
A etapa seguinte rendeu muitas histórias. O resto da tripulação se juntou a equipe e, no dia 19 de janeiro, eles entraram com os Land Rover na selva. A equipe completa chegou a ter 65 pessoas, 30 cavalos e ainda um terceiro Land Rover – um Series II comprado no Panamá, que tinha a tarefa de liderar o caminho para traçar o trajeto a ser percorrido.
A uma velocidade média de 4 km/dia, a expedição foi lentamente avançando pela selva do Panamá. A vegetação densa e a presença constante de lama e alagados foram os grandes inimigos da Trans-Americas. Para piorar a situação, naquele ano, as chuvas se estenderam até meados de janeiro e a travessia foi transformada num mar de lama. Isso sem contar que toda a área não tinha comunicação e era habitada por mamíferos, répteis e insetos.
Depois de passar por uma região particularmente desafiadora, conhecida como ‘Trilha dos Contrabandistas’, a British Trans-Americas enfrentou os últimos 60 quilômetros de pântanos invadidos por mosquitos, cobras e jacarés. Após 99 dias de aventura extrema, a expedição chegou à Colômbia, seguindo para a cidade de Medelin.
Em maio, a expedição seguiu rumo ao extremo sul do continente. Como o resto da tripulação já tinha retornado para casa, John Blashford e Gavin Thompson continuaram com os dois Range Rover com destino à Tierra del Fuego. Comparado com o que tinham enfrentado no Darien Gap, as estradas para lá foram um grande passeio.
A expedição atingiu o seu fim em Ushuaia em junho de 1972. Enfim, a missão British Trans-Americas Expedição foi concluída!
Range Rover
Os dois veículos Range Rover foram basicamente iguais aos que eram utilizados para exportação para a Suíça. A parte mecânica não foi alterada e a maioria dos equipamentos instalados foi para manter a integridade dos carros ou para deixá-los em condições de enfrentar as diversidades da travessia entre a América Central e a América do Sul.
Um grande quebra-mato foi instalado no para-choque, que atuava, também, como guia do cabo do guincho embutido na grade dianteira. Grandes bagageiros carregavam dois estepes e enormes pontes de metal. Um sistema elétrico com duas baterias alimentava os faróis auxiliares e o guincho elétrico. Para maior tração, foram utilizados pneus Super All-Traction 7.50×16 da Firestone.
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