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Korando
Março 23, 2006

15 mil km de Korando

A fantástica aventura de dois casais que percorreram, durante 28 dias, 15.500 km em um jipe.

Tudo começou em uma conversa entre amigos. Os casais, Eduardo Soneca e Adriana Cipriani, Artur Bernardo e Carla Ramos, propuseram e aceitaram o agradável desafio. Ushuaia foi escolhido como destino da expedição realizada pelos aventureiros. Esse estranho nome não revela, a princípio, o quão deslumbrante e surpreendente é um dos lugares mais austrais do planeta.

Há três anos, os preparativos para a aventura começaram. Diversas fontes de pesquisa (livros, revistas, sites na internet especializados em expedições e/ou em jipes, conversas com outros expedicionários) foram utilizadas para organizar a viagem e traçar algumas metas. Nessa fase, os participantes estabeleceram o tempo (30 dias), o percurso (15 mil quilômetros), os lugares a serem visitados (Mendonza, Santiago do Chile, Bariloche, Ushuaia, Buenos Aires, Montevidéu), as opções de hospedagem (albergues, hotéis, pousadas), a quantidade de bagagem (uma mochila de 20 litros por pessoa) e o tipo de veículo (um 4×4). Cerca de dois meses antes da data marcada para iniciar a aventura, os quatro participantes providenciaram os passaportes (o passaporte é opcional, mas vale a pena levá-lo para registrar, oficialmente, cada etapa da viagem). Para o veículo, foi obtida a “Carta Verde”, um tipo de seguro contra terceiros para o carro, exigido nos países visitados. O grupo decidiu, também, que apenas os homens seriam os motoristas.

 

O veículo escolhido para cortar parte da América do Sul foi um jipe Korando, da Ssangyong, com tecnologia Mercedez-Benz, original (apenas um bagageiro Thule foi instalado no carro). Alguns equipamentos de segurança, exigidos em países como a Argentina, foram somados à bagagem dos tripulantes: cinta para reboque, lençol branco e dois triângulos. Segundo Bernardo, proprietário do veículo 4×4, os preparativos de viagem relacionados ao jipe se limitaram a uma boa revisão, com troca de óleo e adição de anticongelante e antifervura à água do radiador.

A expedição teve início no dia 17 de dezembro de 2005, com a chegada do Eduardo Soneca (que mora em Belo Horizonte, MG) à cidade catarinense de Blumenau. Em termos de percurso diário, a meta era cumprir de 850 a 1.100 km, no período diurno (que é bastante extenso no verão, pois, no extremo sul do continente, o sol nasce por volta das 04:30 h e a noite chega em torno das 23:00 h). No primeiro dia, os aventureiros rodaram direto até Carazinho (a 570 quilômetros de Blumenau). Nessa cidade, eles pernoitaram em um motel, onde tiveram que entrar pelo portão de saída, uma vez que o bagageiro do carro era mais alto do que o portão de entrada (o problema com a altura do carro se repetiu por várias vezes durante a expedição). No dia seguinte, foram percorridos 1.166 quilômetros e o pernoite aconteceu em San Francisco, já na Argentina. A chegada em Mendonza ocorreu logo no terceiro dia de viagem. A travessia da Cordilheira dos Andes foi realizada no quarto dia de expedição, quando os aventureiros chegaram em Santiago do Chile. Na cidade de Santiago, os viajantes exercitaram o lado “turista de carteirinha” e se deleitaram, tirando fotos e visitando pontos turísticos. Após Santiago, a viagem seguiu rumo à cidade de Villarrica, onde os expedicionários conheceram o Vulcão Villarrica e a cidade de Pucón. Segundo Adriana, esse trecho da viagem foi um dos mais belos: “A região próxima ao Vulcão Villarrica abriga cidadezinhas muito agradáveis e aconchegantes, além das deslumbrantes paisagens das montanhas e dos lagos com águas cristalinas”.

Korando


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A única alteração da rota traçada inicialmente aconteceu após Villarrica. A travessia da Ilha de Chiloé para Chaitén não poderia ser realizada, uma vez que as balsas só começariam a funcionar após o Reveillon. Solução: alterar os planos. Os quatro amigos atravessaram de balsa de Puerto Montt para Hornopirén, onde passaram o Natal. No dia 25, eles retornaram a Puerto Montt e seguiram para Bariloche (Argentina). O retorno ao Chile aconteceu por Futaleufú – passando por Esquel (Argentina) –, onde a viagem seguiu pela Carretera Austral até a cidade de Chaitén. Esse desvio – de aproximadamente 140 quilômetros – proporcionou aos aventureiros a visão de belíssimas paisagens, na região dos lagos no Chile. Em contrapartida, os viajantes passaram pelo pior momento de toda a expedição. Na estrada de ripio (cascalho), próximo à cidade de Chaitén, os aventureiros escaparam por pouco de um grave acidente, no qual uma picape Nissan desgovernada, com dois jovens casais israelenses a bordo, quase se chocou com o jipe Korando e só foi parar após colidir com o guarda-corpo e com um poste de iluminação de uma ponte, que impediu a queda da picape. Para Adriana e Carla, essa experiência foi semelhante a uma seqüência cinematográfica, uma vez que as amigas tiveram que correr pela estreita ponte para escapar do veículo, que vinha ziguezagueando na direção delas.

A chegada a Ushuaia, na Província de Tierra del Fuego, na Argentina, aconteceu no dia 31 de dezembro. Para os viajantes, as comemorações da passagem do ano tiveram um dos mais fantásticos cenários do mundo.

Korando

A chegada a Ushuaia, na Província de Tierra del Fuego, na Argentina, aconteceu no dia 31 de dezembro. Para os viajantes, as comemorações da passagem do ano tiveram um dos mais fantásticos cenários do mundo. Segundo Eduardo Soneca, as sensações experimentadas ao atingir o destino da expedição valeram por toda a aventura. “Sentir na pele o efeito da mistura de ousadia, vitória, euforia e felicidade será inesquecível”, garante Soneca. Em Ushuaia, duas situações surpreenderam esse aventureiro: descobrir que a cidade de Puerto Willians é considerada a mais austral e encontrar uma ótima infra-estrutura urbana e turística.

A viagem de retorno ao Brasil foi seguida à risca. Na estrada de ripio, próximo à cidade de El Calafate, a velocidade desenvolvida era boa, mas o tempo chuvoso não facilitou muito e acrescentou momentos de tensão à viagem. Os aventureiros estavam viajando no mesmo sentido da chuva, mas com certo atraso. Desta forma, apesar de acompanharem visualmente a tempestade, repleta de relâmpagos, e de verem o piso de terra molhado, eles não foram apanhados pela chuva. Ainda assim, a velocidade precisou ser reduzida de 90 km/h para 30 ou 40 km/h, com direito a escorregadelas e saídas da pista por algumas vezes. Adrenalina pura!

Nas excelentes estradas pavimentadas do Chile e da Argentina, foi possível trafegar a velocidades entre 120 e 130 km/h, durante longos períodos, sem sacrificar o conforto ou o sono dos passageiros. Não era tarefa difícil encontrar retas com mais de 15 quilômetros de extensão. Os aventureiros chegaram a dirigir por cerca de 40 quilômetros sem alterar a posição do volante. Isso mesmo: estrada com reta de mais de 40 quilômetros (com direito a registro no GPS)! “Já no ripio da Ruta 7, as ‘costelas’, a poeira e as pedras nos obrigaram a reduzir muito o ritmo de viagem: andávamos a 40 ou, no máximo, a 50 km/h”, esclarece Bernardo.

Os principais lugares visitados pelos expedicionários durante o retorno ao Brasil foram: Parque Torres del Paine, no Chile; Parque Nacional Los Glaciares (Glacial Perito Moreno), Península Valdés e Buenos Aires, na Argentina; Montevidéu e Punta del Este, no Uruguai. Em território brasileiro, a viagem aconteceu pelo extremo sul do País, na cidade de Chuí, rumo a Porto Alegre, com direito a uma rápida parada no famoso Parque Nacional de Aparados da Serra, para a apreciação do exuberante cânion de Itaimbezinho.

O retorno ao marco zero da expedição trouxe mais felicidade aos aventureiros, por rever a família, os filhos e os amigos. A viagem foi um verdadeiro sucesso. “Há necessidade de muita comunicação, companheirismo, divisão de tarefas, paciência, tolerância, respeito, compreensão, disposição e boa vontade entre todos os integrantes para que o resultado da experiência seja positivo e para que possamos aproveitar o melhor de cada momento”, conclui Carla Ramos. Para Eduardo Soneca, o Brasil ainda é o melhor lugar para viver, mas ele brinca: “Se um dia bater aquela vontade de mandar alguém para o fim do mundo, faça isso sim e vá junto, pois esse lugar existe e é lindo demais!”.

Sobre o Korando

KorandoO Korando superou as expectativas dos aventureiros. Seu desempenho – consumo, estabilidade, velocidade de cruzeiro, conforto, ruído – foi aprovado. Para aumentar a emoção e testar as habilidades dos expedicionários, alguns problemas precisaram ser superados. Na manhã seguinte à chegada em Santiago do Chile, o jipe só funcionou após ser empurrado. Na cidade de Villarrica, o problema voltou e novamente o jipe precisou “pegar no tranco”. Em Puerto Montt, o carro foi levado a uma concessionária para a troca de óleo e para que o problema fosse investigado. A avaria estava em um sensor situado no pedal da embreagem e foi facilmente reparada. Na região do Parque Nacional Nahuel Huapi, na Argentina, um soldado do exército avisou sobre a ocorrência de um vazamento de combustível. Era Natal e não havia concessionárias ou oficinas abertas. Assim, o carro seguiu viagem até Bariloche. Ao chegar em um posto de gasolina, o tanque de combustível, com capacidade para 70 litros, recebeu nada mais nada menos do que 69,80 litros. O jipe funcionara com cerca de um copo de combustível! No dia seguinte, os aventureiros levaram o carro a uma oficina para a troca de duas mangueiras de combustível que estavam ressecadas e causando o vazamento. No caminho para Chaitén, o limpador do pára-brisa resolveu trabalhar independentemente do comando ser acionado, exigindo que o respectivo fusível fosse instalado e retirado, conforme a necessidade, durante o restante da viagem. Em Península Valdés (Argentina), os tripulantes notaram um forte cheiro de diesel e constataram outro vazamento. Dessa vez, uma das mangueiras de combustível recém-instaladas estava solta. O reparo, simples e rápido, foi improvisado pelos próprios aventureiros, com um pedaço de arame do lacre da embalagem de pão de forma. Durante a expedição, o pára-brisa sofreu pequenas danificações em decorrência de impactos de pedra.

Sobre a Expedição

Número de participantes: quatro (dois casais)
Duração: 28 dias (de 17 de dezembro de 2005 a 14 de janeiro de 2006)
Distância percorrida: 15.582 quilômetros
Estrada de ripio (cascalho): 2.332 quilômetros
Países visitados: Argentina, Chile e Uruguai
Fronteiras: nove serviços de imigração e aduanas
Pedágios: 57 (23 na Argentina; 19 no Chile; 9 no Brasil; 6 no Uruguai)
Travessias por água: quatro balsas
Combustível consumido: 1.912 litros de diesel
Média de consumo: 8,15 km/l
Veículo: Ssangyong Korando (4×4)
Registro: 2.300 fotos e 54 vídeos

 

 

 

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