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Expedição Brasuca
A expedição Brasuca rodou 13.200 quilômetros em 23 dias, conhecendo as principais atrações de Uruguai, Chile e Argentina.
Saímos de São Paulo no dia 25 de dezembro e chegamos a Punta del Este no dia 27 pela manhã. Essa era a fase praia da expedição, ficamos até o dia 01 de janeiro aproveitando para curtir a festa do reveillon, os cassinos, o pôr-do-sol na Casa Pueblo do artista plástico Carlos Paez Vilaro, à noite na Barra e muita mordomia.
No dia 01 de janeiro pela manhã, ainda de ressaca do reveillon saímos de Punta e fomos à Montevidéu para tomar a balsa que atravessa até Buenos Aires, uma longa travessia de três horas. O suficiente para curar a ressaca. Apesar de chegarmos às 15h, o dia ainda estava apenas começando, tínhamos 600 quilômetros para rodar em direção ao sul. Tínhamos de chegar a Torres del Paine, que fica a 3000 quilômetros de Buenos Aires até dia 03, ou seja, seriam três longos dias dirigindo dentro da Hilux, mas com estrada boa, revezando o volante em dois, DVD para distrair quem ia no banco de trás e muita música em MP3. De Comodoro Rivadavia para baixo íamos literalmente contra o vento, e que vento, a velocidade que antes mantínhamos em 140 km/h mal passava dos 110 km/h, o consumo que era de 8 km/l baixou para cinco, mas cumprimos nosso cronograma, chegando em Torres às 11h da noite.
Agora era hora de curtir, tínhamos quatro dias dentro do paradisíaco parque. O visual é de tirar o fôlego, rios e lagos azuis e verdes, montanhas nevadas, as torres, os cerros, enfim, coisas que não vemos em nosso país. O parque cobra entrada, mas vale, pois a conservação é excelente. Ficamos no hotel Thindall, mas existem vários outros. Fizemos algumas caminhadas até mirantes, visitamos o Salto Grande, lago Nordenskjold, Pehoe, Laguna Azul, rio Paine e Serrano e fizemos o passeio de barco pelo lago Grey, que visita o Glacial de mesmo nome. O barco chega muito próximo às paredes de gelo que desmoronam frequentemente formando pequenos icebergs. Para fechar o passeio é servido uísque e pisco sour com o gelo do próprio glacial.
Dia 07 de janeiro partimos do Chile com destino a El Calafate na Argentina. Uma viagem tranqüila, não passa de três horas. Chegamos a Calafate e fomos direto ao hotel deixar as malas. Aproveitamos à tarde para visitar o lago Roca onde antigas civilizações viveram e deixaram pinturas rupestres. Agora voltamos à mordomia, o hotel tem excelente infra-estrutura. Terminamos o dia na piscina aquecida. A noite de Calafate é bem agitada, muitos bares, restaurantes e infinitas lojinhas, um perigo para quem vai com a mulher. Depois de comer um belo bife de chorizo de 500 gramas fomos ainda tomar umas cervejas.
Chega a tão esperada caminhada sobre o gelo no glacial Perito Moreno. Entramos no parque e fomos direto a Puerto Sombras, de onde sai o barco que atravessa o lago argentino em direção ao glacial.
O passeio é monitorado por dois guias, no nosso grupo, Fernando e Marcelo. Iniciamos a caminhada colocando os grampones sob o tênis para ganhar aderência no gelo.
A sensação é indescritível, parece que estamos caminhando sobre uma “raspadinha” gigante. Em poucos minutos já estávamos no meio do glacial, as fendas no gelo assumem uma cor azul que vão montando o cenário, capelas, poços, paredes, enfim, qualquer lugar onde a luz do sol entra torna-se azul.
O glacial é formado pela compactação da neve que cai sobre a cordilheira dos Andes. Este é o 3º maior glacial do mundo, porém o que é curioso é que ele está a pouco mais de 100 metros do nível do mar e no paralelo 51, no mesmo paralelo, mas acima da linha do equador estão cidades como Berlin que não acumulam gelo no verão. O fenômeno que ocorre aqui se deve ao escoamento da neve compactada nos cumes da cordilheira, que é gerada pelo esfriamento do vento marinho que vem do pacífico e são forçados a subir a cordilheira precipitando-se em neve. O índice pluviométrico é de 10.000mm de coluna de água por ano. Já Elcalafate, que fica a 80 quilômetros do Glacial é quase árido, 250mm por ano.
O glacial Perito Moreno está em regime estável, não aumenta e nem diminui com o passar dos anos.
Outro fato impressionante é o desabamento das paredes de gelo sobre o lago Argentino. Isso acontece porque o glacial está em constante movimento, a parte central desloca-se 4,5 metros por dia enquanto as extremidades 40 cm por dia, assim o gelo na parte central é mais novo, aproximadamente 100 anos e o lateral 400 anos, desde a precipitação até a ruptura.
O glacial atinge 70 metros de altura acima da superfície e até 100 metros de profundidade, tudo isso foi explicado calmamente pelo guia Fernando. Fechamos então a caminhada tomando uísque com gelo de 400 anos extraído na hora do glacial.
De Calafate Dois seguimos em direção a cidade de Perito Moreno, 600 quilômetros de ripio, um inferno, buracos, poeira, velocidade baixa, tudo de ruim e pior, só deslocamento, nenhuma paisagem interessante.
A idéia inicial era seguir para Coihaique no Chile e de lá voltar a Argentina por Esquel, mas mudamos os planos, resolvemos dar a volta no lago Carreras. Isso acrescentaria 400 quilômetros ao roteiro original, mas valeu a pena, o lago parece ser uma pintura. É difícil acreditar que exista um lugar tão bonito assim. A natureza, ainda não satisfeita com tanta beleza, nos deu de presente as catedrais de mármore. São cavernas de mármore esculpidas pela água. Existem duas pedras, uma chamada de capela e outra de catedral. Fomos no barco do Sr. Pedro, extremamente paciencioso com todas nossas fotos, o barco avança para dentro das cavernas, para nossa alegria. Saímos do Chile por Cohiaique Alto. Seguimos na Argentina até Governador Costa, chegamos às 11h da noite.
No dia seguinte chegamos a Bariloche ainda pela manhã, demos uma volta pela cidade, almoçamos e enquanto as meninas curtiam o hotel, eu e o Wladi fomos dar uma geral na Hilux. Tudo tranqüilo, nenhuma avaria. A Hilux está firme, só pedindo diesel, aliás, agora existe uma lei na Argentina que qualquer cidade a 250 quilômetros da fronteira é obrigada a vender o diesel pelo dobro do preço à estrangeiros…. de $1,35 pesos querem cobrar $2,80…. até agora sempre conseguimos o preço regular, já demos propina ao frentista, colocamos o carro colado ao da frente para não ver a placa, e ontem compramos diesel no galão, enquanto eu terminava a lavagem do carro o Wladi ia até a bomba comprar diesel no galão… Mas está cada vez mais difícil dar nó nos frentistas.
No dia seguinte fizemos o circuito dos lagos Nahuel Huapi, Moreno, e Gutierrez, depois fomos até Cerro Catedral, estação de ski no inverno. Subimos de teleférico até o cume Princesa onde ainda tem neve.
Timidamente começamos a subir pela neve, um escorregão atrás do outro, mas rapidamente nos adaptamos. Só que agora estávamos somente de tênis. Não demorou muito já estávamos fazemos ski-bunda na neve. Aproveitamos para fazer mais umas fotos e tomar umas Quilmes, terminamos o dia novamente curtindo a piscina do hotel.
Resolvemos esticar até San Martin de los Andes, uma cidade 250 quilômetros acima de Bariloche, escolha acertadíssima. A cidade respira aventura, lagos, tracking, pista de ski no inverno, vulcão, etc. Resolvemos subir até o Cerro Chapelco para avistar o vulcão VillaRica, que em espanhol se pronuncia “bitcha rica” que atinge 2840 metros de altitude. San Martin é também o acesso mais rápido a Pucon no Chile. Jantamos às 11h e de lá fomos ao Dublin tomar umas e outras. Esta é uma cidade que deixou saudades, se tivéssemos mais tempo, daria para ficar aqui mais três dias facilmente.
Já estávamos na estrada a mais de 20 dias, e era chegada a hora de voltar para casa. Nossa última parada para diversão seria apenas um almoço em Puerto Madeiro na passagem por Buenos Aires, mais uma vez carne! Acho que na Argentina não tem vegetariano….
Tomamos um café e pé na estrada! Saímos de BUE em direção ao norte, mas um erro nos fez perder a saída para ruta 9. A correção era muito simples, não fosse um comando policial.
Fomos parados, logo os olhos do policial começaram a brilhar a procura de algo irregular, carta verde, habilitação, doc alfandegária, até que INVENTOU uma inspeção veicular, não tínhamos claro, isso não existe, resultado: pediu propina para nos liberar. Infelizmente esse foi o único policial que manchou a imagem que fizemos dos argentinos. Fomos muito bem tratados em todos os lugares, aduanas, comandos policiais, restaurantes, hotéis, enfim, os Argentinos são muito hospitaleiros.
O plano inicial era parar em Concórdia, mas acabamos andando mais 400 quilômetros para encontrar um hotel, pois estavam todos lotados por pessoas que transitam entre Buenos Aires e Iguaçu. Foi cansativo, mas nos adiantamos bastante.
Último dia de viagem, e mais 1200 quilômetros até em casa. Mas antes paramos em Cascavel para matar as saudades de uma churrascaria brasileira. Resolvemos então não dormir e virar a noite rodando. Tocamos em sentido a Ourinhos e de lá pegamos a Castelo Branco. Vimos o sol nascer na estrada.
Chegamos na megalótica cataclismática São Paulo às 8h da manhã. Tarefa cumprida, 13.200 quilômetros rodados em 23 dias, 2000 litros de Diesel, média de 95Km/h, 138h dentro da Hilux, 151Km/h de máxima, 7Km/l, nenhuma quebra, nenhuma pane, mais de 1000 fotos feitas, 2 horas de gravação em vídeo, infinitas histórias para contar.
Agora tudo volta à rotina, mas temos um ano para programar a próxima!
por: Evandro Carobrezzi
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