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Monster
Criar um jipe bom em todas as situações enfrentadas por um verdadeiro jipeiro. Com esta idéia na cabeça, Gilvan Costa partiu para a construção do Monster
Um nome sugestivo para um jipe, aplicado a um carro que, sem exagero, faz jus a ele. O Monster surgiu da cabeça do radialista Gilvan Costa, 42. Natural de Porto Alegre/RS, residindo em Belo Horizonte/MG há mais de 10 anos. Ele conta que a ideia de construir o carro surgiu em 2002, quando iniciaram, em Minas, a prática do Endurance Trial, organizando as provas que, nos anos seguintes, deram origem ao atual Rock Crawling. “Com as exigências de uma prova deste tipo, descobrimos que os carros 4×4 ‘normais’ não aguentariam o tranco”, conta.
Sem nenhuma formação de mecânica, Gilvan baseou seu projeto em protótipos americanos e, através da internet, foi buscando informações, idealizando o desenho da carroceria e pesquisando as peças que seriam usadas, até chegar a um 4×4 que casasse com o seu ideal (e com o seu bolso…). Nesta fase, segundo ele, a opinião de amigos e experts foi muito importante.
O único item de veículos de série utilizado na construção do Monster, segundo Gilvan Costa, foi o gabarito do chassi do Troller T4 2001. “Mas foram somente as longarinas e mesmo assim, com muitas modificações, principalmente na parte dianteira, reposicionando links para uma nova suspensão, melhorando o ângulo de ataque – que ficou em 76 graus, um pouco pior que o ângulo de saída, de 85 graus -, e reforçando o conjunto.”
Algumas peças foram fabricadas especialmente para o jipe, como é o caso do eixo dianteiro, uma mistura do eixo dianteiro de F4000 com o traseiro de F350. “Como o F4000 tem os fortes e espaçosos munhões do Dana 60, porém não tem diferencial dianteiro, usei a bola do diferencial traseiro da F350, soldada neste eixo”, explica o idealizador do projeto. “Devido às novas dimensões, tive que fabricar os semi-eixos, para os quais usei o aço especial 4340, e usar flanges do caminhão Mercedes 1513 com cruzetas 38 mm. Após finalizar a fabricação, os semi-eixos passaram por um tratamento térmico, acertando a dureza e a homogeneidade. Tive que fabricar também retentores para a bola do diferencial e os flanges para o mecanismo das rodas livres AVM para Dana 60”, complementa. Além destes itens, Gilvan ainda mandou fabricar um sistema de acionamento mecânico para a caixa de transferência Borg Warner, de Ford Ranger, originalmente acionada por comando elétrico.
Projeto na cabeça, era hora de procurar quem o executasse. Depois de alguns orçamentos, Gilvan encontrou na pessoa de Raul Barbosa e em sua RB Off-Road os parceiros ideais para a empreitada. “O Raul é engenheiro mecânico e deu, além de um suporte técnico apurado, ótimas idéias adicionais.” Da concepção original do Monster até os primeiros testes de campo com o carro, passaram-se dois anos e meio. “Depois disto, muita coisa aconteceu, muitas trilhas, provas de todo o tipo, testes, muitas quebras, muitas coisas refeitas e, neste meio tempo, muita gente pôs a mão na massa para fazer do Monster o que ele é hoje”, lembra, acrescentando que muito deve, nesta fase, ao competente Ivan, da Mecânica Miranda, que deu importantes contribuições nas últimas mudanças e melhorias feitas no carro.
Deixou saudades…
Poucos dias antes do fechamento desta edição, no dia 17 de junho de 2007, o jipeiro e amigo Gilvan Costa veio a falecer em um acidente com seu Monster. Gilvan estava em seu carro sendo rebocado na Trilha Perdidas – próximo a Belo Horizonte – quando a cinta arrebentou e o jipe rolou em uma ribanceira. Gilvan que, apesar de sempre primar pela segurança de todos, estava sem cinto no momento e foi jogado para fora do carro. Com a queda, sofreu ferimentos internos e não resistiu.
Gilvan Costa foi um grande apaixonado e incentivador do off-road. Seja pilotando seus jipes ou como locutor em eventos fora-de-estrada e em seu programa durante as madrugadas na Rádio Itatiaia, sempre deixou claro sua paixão pela aventura – principalmente pelo off-road – e pela vida.
Na hora de “batizar” a cria, “Spider” foi o primeiro nome que veio à mente de Gilvan Costa. Porém ele descobriu que Bill Johnson, um norte-americano que vive em São Paulo, já havia dado o nome ao seu Suzuki Samurai. O nome “Monster” veio dos amigos que viam o jipe pela primeira vez: “Como todos que viam o carro, até mesmo a minha mãe, diziam a mesma coisa – Nossa Gilvan! Esse carro é um monstro! -, resolvi transformar o apelido em nome, e ficou ‘Monster’ mesmo”, conta.
Segundo Gilvan Costa, o Monster foi todo idealizado para o fora-de-estrada, e tudo nele tem uma função prática para encarar os piores caminhos e se sair bem. “Até os retrovisores têm pequenos quebra-matos de proteção”, salienta. Ele possui bloqueio 100% nos diferenciais, eixos extremamente fortes, suspensão com curso de 1,20 m, chassi e toda a estrutura super reforçados (“não só para resistir às capotagens – mais de 18 até agora – e fortes impactos, como também para proteger os ocupantes em qualquer circunstância”). Os bancos dianteiros são do tipo concha, reforçados, e os cintos são de 4 pontos de fixação. Na traseira, o banco é normal, inteiriço, com cintos de 3 pontos.
Os pneus são os Maxxis Creep Crawler 38,5 polegadas, montados em rodas aro 16, de 12 polegadas, fabricadas para o carro. “O Monster é exagerado em tudo; dizem até que ele mais se parece com um tanque de guerra” arremata o idealizador do jipe, que afirma ter conseguido construir um 4×4 que, se não é perfeito para todas as modalidades do off-road – pois isto é impossível -, ao menos se sai muito bem em todas elas – passeios, trilhas, provas de regularidade, jipe cross, rock crawling -, além de encarar, com desenvoltura, grandes viagens pelo asfalto.
Aliás, entre as façanhas a bordo do Monster, Gilvan Costa destaca duas viagens à sua terra natal, além de viagens ao Espírito Santo e a São Paulo. “O carro é surpreendente na estrada e assusta muita gente, pelo tanto que anda. Em algumas oportunidades, resolvi experimentar andar mais rápido e ele chegou, sem cerimônia, aos 180 km/h”, relata.
Quanto às competições, Gilvan conta que já disputou várias provas de jipe cross – tendo inclusive vencido algumas -, e que já participou de provas de rock crawling, tanto como competidor quanto como organizador, inclusive testando os obstáculos das provas.
Finalmente, a pergunta que todos devem estar se fazendo: este verdadeiro monstro é legalizado? “Sim, o Monster é totalmente legal”, salienta Gilvan Costa, informando que o carro foi aprovado pelo INMETRO, vistoriado pelo DETRAN e emplacado, inclusive com uma observação, no documento, referente à suspensão especial off-road, item muito importante, de acordo com o proprietário, para evitar problemas em blitz. “Foi tudo razoavelmente fácil de conseguir e feito absolutamente dentro da lei”.
Viu?! Muito fácil! Está esperando o que para construir, você também, o seu próprio 4×4?…
Ficha Técnica
Motor
Ford 4.2 V6 (F250)
Cilindradas: 3.661 cm3
Potência: 250 cv
Torque: 39 kgfm (a 2.400 rpm)
Sistema de Injeção Fuel Tech Digital Programável
Transmissão
Câmbio manual, ZF 5 marchas mais ré e primeira com reduzida 5.88 (F350)
Caixa de transferência: Borg Warner (relação 2.48)
Suspensão
Eixos rígidos Dana 70 com molas helicoidais e amortecedores Edelbrock 16” com reservatório externo.
Curso: 1,20 m (na base do pneu)
Freio
Discos ventilados e pinças de pistão duplo (F4000)
Dimensões e Capacidades
Entre-eixos: 98”
Largura: 2.200 mm
Altura: 2.300 mm
Peso: 2.050 kg
Desempenho
Ângulo de entrada: 76º
Ângulo de saída: 85º
Vão Livre: 840 mm
por: Humberto Mainenti
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