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Polar Race: uma aventura através de um mar gelado

O ponto de partida foi Resolute Bay, Nunavut, nos territórios do noroeste do Canadá; e a chegada foi no Polo Norte magnético, certificado em 1996. A distância percorrida foi de 730 km e o terreno, muito gelo

Desde 2003, a Corrida Polar é realizada a cada ano, com equipes de três pessoas, competindo com esquis, em uma corrida de 320 milhas náuticas, através do Ártico, para alcançar o Polo Norte magnético.

Aproveitando a infra-estrutura desta competição, o programa Top Gear, da BBC TV, apresentou à Toyota da Grã-Bretanha a idéia de colocar um carro na competição – algo nunca tentado antes. Devido à sua comprovada robustez, a picape Hilux foi escolhida para o trabalho. O plano era colocar o carro em uma corrida contra um já bastante testado meio de transporte usado no Ártico: um trenó puxado por cães.

Para enfrentar com êxito as condições extremas do clima ártico, a Toyota Hilux teve que se submeter a uma preparação, o que foi feito em dezembro de 2006, pelos especialistas da Arctic Trucks, da Islândia. Em cada Hilux foi preciso mais de 240 horas de trabalho para concluir as modificações. A jornada pioneira foi o resultado de meses de planejamento entre a Toyota (GB), os especialistas da Arctic Trucks, os organizadores da Corrida Polar e a equipe de produção do programa Top Gear.

Três islandeses, membros da Arctic Trucks, participaram da expedição: Hjalti V. Hjaltason e Haraldur Pétursson, como condutores e mecânicos, e Emil Grimsson, chefe da empresa. A função da Arctic Trucks na expedição seria realizar eventuais modificações necessárias nos carros e garantir que eles fossem capazes de concluir este enorme desafio.

“O Ártico é um dos ambientes mais hostis da Terra, para homens e máquinas”, disse Emil Grimsson. “A expedição exigiu um planejamento detalhado e uma exploração prévia para traçarmos uma rota segura. Mesmo assim, houve ocasiões em que em não tínhamos outra maneira de seguirmos adiante, a não ser construindo nosso próprio caminho através do gelo e das pedras”, conta.

A Arctic Trucks já participou de outras grandes expedições anteriormente e realizou um excelente trabalho na Hilux, deixando-a apta a enfrentar as difíceis condições do Polo Norte. Para a empresa, as expedições são de grande importância. Elas proporcionam a prova final de novos projetos e representam uma oportunidade única para testar os veículos modificados sob as piores condições possíveis. E os resultados desta expedição foram absolutamente satisfatórios.

Os preparativos, envolvendo a Arctic Trucks e a Toyota, começaram no início de 2006. Mesmo com a longa experiência dos profissionais da empresa islandesa com os mais variados tipos de terrenos frios, dirigir sobre o “fino” gelo oceânico era algo totalmente novo para eles. Ainda que estivessem confiantes de que isto poderia ser feito, a pergunta era: como precisariam preparar os veículos para lidar com tais condições?

A partir de fotos da área a ser percorrida, julgaram que, para um veículo leve e rápido como a Hilux, pneus de 37 polegadas seriam suficientes, descartando os de 44 cogitados inicialmente. De cara, também concluíram sobre a necessidade de terem pelo menos três carros na viagem.

Em março e abril de 2006, toda a equipe envolvida no projeto, com o apoio da organização da Polar Race, fez uma visita a Resolute, para verificar as condições ambientais. A neve era um pouco diferente do que havia sido visto antes, mas isto não representou grande problema. O que era alvo de preocupações eram os grandes blocos de gelo escondidos sob a neve fofa e as pedras de pontas afiadas, salientes na neve, nas áreas mais altas das ilhas que os carros teriam que cruzar. Os blocos de gelo, em caso de batida forte, poderiam danificar seriamente os carros e as pedras pontudas poderiam cortar as laterais dos pneus quando estivessem rodando com baixa pressão.

Ao chegar de Resolute, a equipe finalmente sugeriu a utilização de três veículos, todos com pneus de 38 polegadas: duas picapes Hilux idênticas, fornecidas pela Toyota (GB), e um Land Cruiser 120, fornecido pela Arctic Trucks. Optou-se por esperar pela Hilux 3.0, que entraria em produção na fábrica da Toyota, na África do Sul, no mês de outubro. A cor vermelha foi escolhida por várias razões, relacionadas, principalmente, à segurança.

Mais tarde, quando a equipe tomou conhecimento da quantidade de equipamentos que o pessoal da TV teria que levar, adicionou à expedição uma carretinha (reboque), também com pneus de 38 polegadas, e decidiu instalar uma capota sobre a caçamba de uma das Hilux, para aumentar o espaço para bagagem.

A corrida do carro contra o trenó seria realizada simultaneamente à Polar Race 2007. Desta forma, toda a equipe do projeto (TV e competidores) teria acesso à rede de logística e de segurança do evento. A equipe organizadora da Polar Race possui grande experiência em técnicas de sobrevivência e conta com médicos especializados e treinados em problemas decorrentes do frio extremo.

Antes que a primeira Hilux chegasse à Islândia, em dezembro, os preparadores já haviam decidido, mais ou menos, que modificações seriam feitas. Não levantariam a suspensão do carro; ao contrário, baixariam a suspensão dianteira e a moveriam para frente. Não instalariam molas helicoidais na suspensão traseira; utilizariam os feixes de molas mais longos do Toyota Tundra. Para manter baixo o centro de gravidade, foi feita a suspensão mais baixa possível.

Não se sabia ao certo a quantidade de combustível de que iriam precisar; o plano era de terem uma autonomia para aproximadamente dois terços do percurso até o Polo, sendo fixada, então, uma capacidade de 200 litros de combustível por veículo, mais algum combustível adicional na carretinha. Desta forma, poderiam abastecer duas vezes: uma na ida e uma na volta.

A relação de redução foi baixada para 1:4.88 e foi cogitada a instalação de uma caixa de redução adicional, em pelo menos um dos carros. Todos os veículos tiveram seus diferenciais dianteiros e traseiros 100% bloqueados.

Foram instalados ainda aquecedores adicionais, filtros de combustível com aquecedores, baterias maiores e mais potentes, e inversores de corrente elétrica para fornecer energia a todas as câmeras e laptops.

A tomada de ar foi modificada de forma que os ocupantes do carro poderiam movê-la, para captar ar da maneira normal, ou da parte posterior do compartimento do motor.

Para a comunicação, foram utilizados rádios VHF entre os veículos e telefones Iridium para os contatos com o resto do mundo. A navegação foi feita por GPS. Também foram instalados faróis adicionais, para o caso de serem obrigados a circular em más condições de visibilidade.

O Land Cruiser utilizado havia sido modificado no final de 2004 e tinha aproximadamente 40 mil quilômetros rodados, entre circulação por montanhas e glaciares e condução normal, em ambiente familiar.

Depois de alguns testes na Islândia, cruzando glaciares e viajando pelas montanhas daquele país, os preparadores verificaram que o feixe de molas do Tundra era mais macio do que desejavam, e resolveram reforçá-lo, adicionando lâminas do feixe original. Os amortecedores também foram ajustados, de maneira a se obter mais firmeza.

Quando a equipe da TV veio para instalar os seus equipamentos, uma série de ajustes de última hora tiveram que ser feitos. Por exemplo: para bloquear a luz vinda do exterior, as janelas foram cobertas com películas mais escuras. Isto causou um certo problema, uma vez que quebrar as janelas traseiras fazia parte do plano de fuga no caso de o veículo atravessar o gelo e afundar no oceano. Também foi instalado um rack na parte traseira de uma das Hilux para ampliar as possibilidades de transporte de carga.

Ficha Técnica Hilux Cabine Dupla D4 3.0

Motor
Toyota D4 de 3.000 cc e 169 cv de série, modificado para baixas temperaturas.
– Aquecedores para elevar a temperatura da água antes da partida, de combustível e bateria de trabalho pesado.
– Nova admissão de ar e instalação de um sistema de escapamento especial.

Transmissão
Relação de diferencial de 4.88:1 e bloqueios 100% dianteiros e traseiros, com uma preparação para clima frio.

Suspensão
Suspensão dianteira: 50 mm mais baixa, deslocada 40 mm à frente.
Suspensão traseira: feixe de molas mais largos e de longo curso, equipados com batentes para trabalhos pesados
Amortecedores especialmente calibrados

Carroceria
Paralamas ampliados.
Pára-choque dianteiro com calços para hi-lift e pontos de ancoragem dianteiro e traseiro.
Proteção de alumínio de 5 mm para a caixa de transferência, pára-choque dianteiro, suspensão e transmissão.
Luzes de Xenon.
Rack tipo African Outback.

Rodas e pneus
Rodas Arctic Trucks, Bespoke, de alumínio, de 15 X 12”, com duas válvulas por roda.
Pneus AT 405 de 38”, para neve.

Dimensões e Capacidades
Distância entre-eixos: 3.125 mm
Comprimento: 5.335 mm
Tanque de combustível: 170 litros (80 no tanque normal e 90 no tanque auxiliar)

Equipamento de Resgate
Motoserra
Machados
Pás
Pés-de-cabra
Cordas elásticas
Macaco Hi-Lift
Guincho.

Equipamento de Sobrevivência
Barracas de campanha
Sacos de dormir para baixas temperaturas
Armas para proteção em caso de ataques de ursos polares.

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