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Chevy 4×4: quebra-cabeça offroad

Jogue no liquidificador várias partes de carros nacionais e importados, acrescente criatividade e ousadia. O resultado pode dar certo, como aconteceu com esse 4×4 do Mato Grosso do Sul 

“Parece que sou um eterno insatisfeito, pois estou no meu nono 4×4, e não consigo deixá-lo original, sempre tem alguma coisa para melhorar, seja motor, câmbio ou suspensão.” Com essa frase começou nosso papo com Olmir Cauduro, da cidade de Campo Grande no Mato Grosso do Sul. A primeira ideia que me veio à cabeça vendo o carro foi que em seu nono projeto, Olmir definitivamente tinha exagerado. Só que o exagero deu certo e a Chevy 4×4 que criou impressiona não só pelo porte, mas por um excelente desempenho em trilhas e alagados. 

A história desta Chevy 4×4 começa com uma mudança de rumo. Em 2005, Olmir resolveu entrar para as competições de jeepcross. Para isso, comprou um conjunto mecânico com eixos, freios, direção e suspensão da Hilux SW4 2001 e o powertrain – motor, câmbio e caixa de transferência – de um Troller a gasolina. Fez uma gaiola e estava bem equipado. Só que as competições por lá acabaram e Olmir ficou com uma mecânica completa confiável, robusta e ao mesmo tempo moderna.  

Daí para ter a ideia de fazer algo novo foi um pulo. Surgiu a vontade de colocar uma carroceria de picape de pequeno porte para que o carro ficasse leve e ao mesmo tempo confortável. As conversas com o mecânico Silvio e o funileiro Lídio levaram Olmir a uma Chevrolet Chevy 1989 que estava sendo desmontada e o trabalho começou. O primeiro ponto foi fazer um chassi já preparado para receber a carroceria da Chevy, o motor AP 2.0 e a suspensão com molas helicoidais da Hilux. Como foram usados dois conjuntos principais – eixos e suspensão de SW4 com motor e caixa do Troller – poucas adaptações mecânicas foram feitas. O conjunto motor, caixa e transferência já estava pronto e bastou fazer a ligação via cardã aos diferenciais da Hilux.  

Toda a transformação, que começou em agosto de 2007, foi pensada também para deixar o carro em condições de ser documentado. Em novembro, o protótipo de Olmir já estava andando e em dezembro já tinha os documentos constando como Chevy com as observações de ‘transformada, remodelada, 4×4, suspensão modificada’. Trocando em miúdos, um 4×4 personalizado, com a cara do dono e perfeitamente adaptado à região, como comenta o orgulhoso proprietário e criador. “As dificuldades em nossa região (Pantanal) são as travessias de alagados e muita lama, e nossos carros são preparados para isso. Uma boa receita são carros leves, bem vedados e que tenham uma boa distância do solo. A Chevy não fugiu a isso, foi desenvolvida em cima destes princípios e está totalmente pronta para enfrentar o Pantanal. Embora esteja bonita, me orgulho de dizer que ficou muito boa e vai para a trilha sim senhor, não é 4×4 do tipo prateleira, só para exposição!” 

Ficha Técnica 

Motor
VW AP 2.0, longitudinal, quatro cilindros em linha, gasolina, carburador 3E
Cilindrada: 1.984 cm3
Potência: 140 cv a 6.250 rpm
Torque: 18,4 kgfm a 5.700 rpm
Taxa de Compressão: 10,5:1
Diâmetro x curso: 82,5 x 92,8 mm 

Transmissão
Câmbio Borg Warner manual de cinco marchas à frente e uma à ré (Troller)
Tração: 4×2 (traseira), 4×4, 4×4 reduzida com acionamento elétrico (Troller)
Relação de transferência: 2,48:1
Relação de diferencial:  3,666 

Suspensão
Dianteira: independente com braços triangulares e molas helicoidais
Traseira: 4-link (4 pontos fixação) com molas helicoidais e barra estabilizadora. 

Direção
Hidráulica – pinhão e cremalheira. 

Freios
Dianteiro: disco ventilado 16”
Traseiro: tambor com válvula equalizadora. 

Pneus
BF Goodrich Mud-Terrain T/A 33” x 12,5 R15 

Dimensões
Comprimento total: 4.200 mm
Largura total: 1.820 mm
Distância entre eixos: 2.610 mm
Bitola: 1.750 mm
Ângulo de entrada: 55º
Ângulo de saída: 45º
Tanque de combustível: 110 litros  

Acessórios
Guincho elétrico HiPull 8.000 libras, bagageiro, snorkel, estribos, para-choques, relógios de pressão, óleo e temperatura, DIS-Ignição direta 

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