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Toyota Xingu
O valente jipe da Toyota em sua versão militar feita pela Bernardini
Valente, resistente, espartano e duro. Estes são alguns dos adjetivos aplicáveis ao Toyota Bandeirante, especialmente nesta versão militar fabricada em 1989 e adaptada pela empresa Bernardini, que não existe mais. O seu nome oficial é Toyota Xingu M-OJ-50L.
A mudança mais visível em relação à versão civil é a posição do estepe, que saiu da parte de baixo do jipe para a lateral esquerda, logo a frente da porta do motorista. Para a sua colocação o pára-lama teve que ser modificado. O tanque passou a ser de 75 litros, o sistema de iluminação foi alterado e foram colocados equipamentos como pá e machado presos nas laterais do jipe.
O Xingu que andamos estava com pneus desenhados para asfalto, na medida 7.50-16. Como as chuvas estão escassas nesta época do ano no estado de São Paulo não tivemos maiores problemas ao andar com ele na terra. Se tivesse chovido a situação seria bem diferente, já que estes pneus perdem muita aderência na lama.
Na falta de barro colocamos o Toyota para subir morros e passar por desníveis no terreno, no que ele se comportou bem. Teria se comportado melhor se tivesse bloqueio de diferencial, coisa que a Toyota nunca utilizou na linha Bandeirante e a Bernardini não instalou no Xingu. É uma pena, porque um veículo 4×4 com tantas virtudes como este não poderia ficar sem o bloqueio. Colocar um bloqueio depois que um veículo sai da fábrica é caro, mas se o fabricante colocar na linha de montagem o preço é bem mais acessível, afinal ele compra em grandes quantidades do fornecedor.
Ocorre que a Toyota sempre foi uma empresa conservadora no mundo todo e em especial no Brasil. Apesar de instalada aqui desde 1958 (foi a primeira fábrica da marca fora do Japão), o Brasil nunca foi sua prioridade.
A caixa de redução e o câmbio com a primeira e a segunda marchas sincronizadas só chegaram em 1981, quando o painel ainda não tinha nem conta-giros. Os freios a discos na dianteira e a direção hidráulica de série só chegaram em 1996.
Apesar deste conservadorismo, o Bandeirante teve boa aceitação (e continua tendo no mercado de usados) devido à sua resistência e a escolha acertada da fábrica em usar um motor a diesel a partir do começo da década de 1960, muito antes da crise do petróleo de 1973.
A princípio o motor era um seis cilindros em linha, a gasolina, importado do Japão, assim como boa parte das peças. Com a crescente nacionalização do Bandeirante, trocou-se o motor por um nacional a diesel da Mercedes-Benz, o que deu ao jipe uma grande capacidade de vencer obstáculos devido ao torque do motor conjugado com a tração 4×4, na época sem redução. Quando a crise do petróleo chegou na década seguinte a linha Bandeirante já estava preparada para enfrentá-la.
Desta forma o Bandeirante não tinha concorrentes, já que era o único jipe com motor a diesel no mercado brasileiro.
Mas o tempo não pára nem a evolução e a concorrência. Na década de 1980 saiu de cena o Jeep Ford (ex-Willys) mas chegou o Engesa 4, que apesar de não contar com motor a diesel nos primeiros anos de produção tinha uma suspensão mais eficiente e logo foi aprovado nos rígidos testes do Exército e passou a fazer parte da frota militar. Na verdade ele foi desenhado com a finalidade específica de ser um veículo militar.
Depois vieram os jipes, SUVs e picapes importados, com mais sofisticação, maior conforto, melhor acabamento e preço semelhante. Não eram tão resistentes como o Bandeirante, mas ainda assim tinham valentia e resistência suficientes. E alguns destes SUVs foram preparados e passaram a fazer bonito nas trilhas, como é o caso do Vitara. Veio também o cearense Troller, com motor AP2000 e posteriormente com motor a diesel.
Mas o Bandeirante resistiu o quanto pôde. Em 1994 a fábrica trocou o motor nacional por um importado, mais moderno, mas com a sua chegada foi embora um dos trunfos do jipe da Toyota: a facilidade de manutenção do motor. Afinal, além dos Toyota existem milhares de caminhões Mercedes-Benz rodando por este Brasil com a mesma motorização e isto torna mais fácil a tarefa de encontrar peças e mecânicos que conheçam a sua mecânica. Já o motor Toyota importado do Japão só era usado pelo Bandeirante, produzido em pequena escala.
Em 2001 o Bandeirante deixou de ser produzido sob a alegação de inviabilidades técnicas para continuar a produção, pois havia a necessidade de ser usado um novo motor, menos poluente, para se adequar à legislação em vigor. Esta explicação para o fim da produção é no mínimo curiosa, pois na época existiam várias opções de motores a diesel que poderiam ser usados no Bandeirante, como o da Hilux, ou mesmo o da S-10 ou da Ranger.
A fábrica que produzia o jipe em São Bernardo do Campo passou então a produzir peças para a linha Hilux.
Lá fora
O mercado brasileiro nunca foi prioridade para a Toyota, e não está nem em segundo plano. A fábrica japonesa ficou por trinta anos produzindo apenas a linha Bandeirante e sem nunca fazer mudanças radicais no seu jipe. E mesmo hoje a oferta de veículos da marca Toyota em outros países é muito maior do que aqui, embora nosso mercado seja muito maior do que o da maioria desses países.
Enquanto aqui no Brasil o Bandeirante recebeu poucas mudanças desde que começou a ser produzido em 1958 em regime CKD (as peças eram importadas do Japão e o veículo era montado aqui), lá fora a história foi bem diferente.
O jipe Toyota que começou a ser montado no Brasil no final da década de 1950 era o Land Cruiser japonês da série 20. Este era o nome do Bandeirante no Brasil até 1962, época em que a importação no regime CKD deu lugar à produção local. Entrou em cena o nome Bandeirante e ele recebeu as linhas do Land Cruiser série 40.
Em 1967 é lançada no Japão uma versão menos operária e mais familiar do Land Cruiser, a série 50. Era um misto de jipe e SUV. É neste ponto que a história do Bandeirante, o Land Cruiser nacional, começa a se distanciar da história do Land Cruiser japonês.
Em novembro de 1984 é lançada a série 70, que veio para substituir a série 40, que como dissemos há pouco, era o nosso Bandeirante.
Este Land Cruiser 70 lembra muito as linhas do Bandeirante. Em 1996 a série 70 é substituída pela série 90.
Mas em muitos países as versões antigas, porém mais atuais que o Bandeirante, continuam sendo produzidas. É o caso da Venezuela, onde o Land Cruiser 70 é montado com peças enviadas do Japão. Em outros países da América do Sul e América Central também são vendidos os modelos Land Cruiser 70, nas versões chassi curto, longo e picape.
Somando as vendas de veículos nos nossos vizinhos da América do Sul veremos que as vendas nestes países não chegam a ultrapassar e nem tão pouco igualar as vendas no Brasil. Apesar disso eles possuem um número muito maior de veículos Toyota à disposição.
Em agosto de 1997 o Jornal da Tarde (SP) publicou em seu suplemento Jornal do Carro que a Toyota tinha estudos sobre a produção do Land Cruiser 70 no Brasil. Infelizmente a possibilidade não se tornou um fato.
- Veja também: Calculadora de tamanho real de pneus
- Veja também: Glossário 4×4