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O pioneiro
Se atravessar de carro os 9500 quilômetros de extensão do continente africano já é uma loucura hoje, o que dizer de alguém que fez isso em 1907?
Jipeiro, assim com J maiúsculo, está sempre atrás de uma ‘roubada’ qualquer. Que seja uma trilhazinha já conhecida, mas debaixo de uma chuva brava ou, quem sabe, uma viagenzinha ali, cruzando a África. Agora imagina o nível de loucura de um sujeito que fez esta viagem no início dos anos 1900.
O pioneiro em questão é Paul Graetz, um alemão que em 1907 partiu para a louca aventura de cruzar o continente africano de leste a oeste. Foram dois anos de expedição enfrentando uma série de perigos e obstáculos incalculáveis para, naquela época, atravessar terras tão inóspitas em um veículo automotor.
Como toda expedição que se preze, a aventura de Graetz começou bem antes de colocar seu carro para rodar. Não existiam mapas com os caminhos e as distâncias eram medidas em tempo necessário para percorrê-las a cavalo. Para piorar, algumas partes do território estavam infestadas de moscas tsé-tsé, transmissoras da fatal doença do sono.
A melhor coisa a fazer então foi investir no carro. Com a ajuda do amigo mecânico Von Roeder, que também seria o motorista, Paul planejou a construção do veículo com extremo cuidado. Ele comprou um carro feito especialmente para a expedição. Os responsáveis foram os engenheiros da Motoren-Werke-Gaggenav, os mesmos que mais tarde desenvolveriam o Unimog, já com a bandeira Mercedes Benz. Entre as modificações do veículo estava à altura, já que o chassi foi construído de tal forma que ficava 30 centímetros mais alto que o normal utilizado na fabricação de ônibus. O motor era uma extravagância para a época e tinha potência de 35 cv. Além do aumento da autonomia graças a dois tanques que totalizavam 400 litros de combustível, o Bwana Tucke-Tucke, como ficou conhecido pelos nativos, tinha a capacidade de ser desmontado para vencer obstáculos intransponíveis.
Graetz não planejou só a construção do carro. Com os poucos recursos de mapas que dispunha e com sua experiência – já que ele havia trabalhado para o exército na região – o primeiro tenente Paul Graetz detalhou todos os passos da equipe. As estradas, os trechos desérticos como o deserto de Kalahari, as montanhas, os rios que teriam que ser atravessados construindo pontes ou com balsas e, especialmente, os escassos pontos de abastecimento. Tudo foi detalhadamente estudado por Paul.
Mesmo com todo o planejamento, a equipe formada por Paul Graetz, o mecânico Von Roeder e o nativo Mzee encontrou muita dificuldade para encarar a aventura. Foram necessários 630 dias para vencer os 9500 quilômetros entre Dar-es-Salam, na Tanzânia, e Swakopmund, na Namíbia. Fatos como a necessidade de construir 28 pontes e desmontar o carro 32 vezes para a transposição de montanhas explicam a média de velocidade da expedição: 15 quilômetros por dia. É ou não uma grande aventura?
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