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Um novo Gurgel
A polêmica em torno da marca Gurgel renasce 12 anos após a falência com a possibilidade de um novo X-12
A notícia não é nova, mas continua gerando polêmicas e expectativas. A fábrica de veículos Gurgel faliu em 1994, teve a falência cancelada e foi novamente à falência em 1996, desta vez de forma definitiva. O registro da marca expirou em 2003 e o administrador da massa falida não o renovou. Em abril de 2004 o empresário Paulo Lemos, que na época importava triciclos chineses, registrou a marca junto ao INPE.
Não é a mesma Gurgel, mas é também uma empresa de veículos. Não vai voltar a fabricar carros populares, irá se concentrar em triciclos de carga e jipes, em princípio. A primeira Gurgel ficava em Rio Claro, interior do estado de São Paulo, a segunda está situada no mesmo estado só que bem mais a oeste, em Presidente Prudente, mas não por muito tempo: em breve mudará para Três Lagoas, cidade do Mato Grosso do Sul às margens do rio Paraná.
Fomos até Presidente Prudente conversar com o empresário Paulo Lemos e ver o X-12 fabricado em 1988, que recebeu um motor de Kombi 1.4 refrigerado a água. O X-12 está servindo para avaliar o comportamento da nova motorização, já que o antigo motor VW refrigerado a ar não pode mais ser usado em veículos novos, porque não atende às atuais normas anti-poluição do Proconve. E já estava mesmo na hora de ser aposentado, afinal os novos motores rendem mais torque e potência, são mais econômicos e nem por isso deixam de ser resistentes.
Este veículo foi utilizado pela Polícia Militar e apesar dos vinte anos de uso intenso o X-12 não aparenta a idade que tem.
O motor 1.4 foi colocado no X-12 sem grandes problemas. Permaneceu a caixa de câmbio original de quatro marchas e o carro ganhou muito em desempenho, principalmente nas acelerações, retomadas e na capacidade de manter a velocidade em subidas. Em velocidade máxima o ganho não foi tão grande porque sua aerodinâmica não é das melhores. O escalonamento das marchas não é o ideal para este motor, já que em quarta marcha a 100 km/h ele gira alto e “pede” uma quinta marcha. O problema é que o X-12 vai usar o câmbio da Kombi e a VW não fabrica câmbio com cinco marchas para ela. Uma opção seria colocar um diferencial mais longo, porém isso pode causar problemas em baixas rotações com a perda de força.
A dianteira foi alterada para receber o radiador e o resultado não nos agradou. Não que ele não tenha sido bem feito, o problema é com o estilo: a grade ficou mais avançada que os faróis, desequilibrando o desenho e dando uma aparência estranha ao carro.
Apesar de ser 4×2, o X-12 é valente e surpreende. Passa por qualquer tipo de estrada e até onde não há estrada, mesmo sem ter tração 4×4. Com o sistema denominado Seletraction, que permite o bloqueio manual da roda que gira em falso, seu baixo peso, boa altura do solo e bons ângulos de entrada e saída o X-12 vai em frente e dificilmente algo consegue detê-lo. Claro que seria melhor se ele tivesse tração 4×4, mas por enquanto ele vai continuar sem ela e talvez nunca venha a ter. Caso tivesse faria muito jipe mais caro e famoso passar vergonha.
Um pouco mais de espaço interno também seria muito bem-vindo, além de novas dobradiças nas portas viradas para o lado interno do carro. Do modo como está pode-se abrir às portas com uma chave philips.
E quanto ao mercado? Será que vai aceitar o retorno do X-12 com as mesmas linhas básicas e características, com exceção do motor? Isso só o tempo dirá e com certeza o preço será um fator determinante, assim como é nos veículos de passeio com motor 1.0.
Esperamos que ele faça sucesso e que as partes envolvidas na questão da marca Gurgel cheguem a um entendimento. A produção do X-12 deveria se iniciar em março passado, mas foi adiada para 2009 devido ao aumento das vendas do triciclo.
A versão da família Gurgel
Procuramos Maria Cristina Gurgel para dar a sua versão dos fatos. Segundo ela o erro não foi da família, mas do preposto do síndico da massa falida que falhou ao não renovar o registro da marca.
Disse que ficaria orgulhosa com o renascimento da fábrica, mas não da forma como ocorreu. Segundo ela a marca teria que ser comprada e o valor desta negociação iria para a massa falida, sendo então usado para pagar parte dos débitos juntos aos credores.
E vai além: diz que, segundo seu advogado, qualquer credor pode a qualquer momento cobrar da nova Gurgel direitos sobre o uso da marca e que ela não acredita que ele vai mesmo relançar o X-12. “Tudo não passa de marketing para divulgar os triciclos”, afirma. Quanto à conversa com Paulo Lemos, diz que realmente telefonou para ele, já chateada, e ficou irritada com a ironia com que foi atendida.
E onde está o Sr. João Augusto Conrado do Amaral Gurgel? Ele está vivo, com 82 anos, mas enfermo. Sofre de mal de Alzheimer, doença que atinge o que temos de melhor: nossa inteligência, nossa capacidade de sentir, fazer, acertar e errar.
E foi acertando muitas vezes e errando em outras que João Gurgel chegou a produzir cerca de 40 mil veículos. Teve ideias corretas na época errada, estava adiante do seu tempo. Produziu em 1975 o Itaipu, o primeiro carro elétrico nacional e posteriormente o E-400, em 1981. O Itaipu não chegou a ser comercializado, mas o E-400 foi. Não se transformou em um sucesso de vendas porque as baterias eram caras e pesadas e a autonomia era pequena, algo que está sendo contornado hoje pelas grandes fábricas com novas tecnologias.
Infelizmente a fábrica fechou suas portas por volta de 1995.
por: Eduardo M. P. Dantas
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