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Jalapão com Estilo 4×4
Comboio do Grupo Estilo 4×4 sai de São Paulo para ver de perto a região leste do Tocantins
Ainda era 2007 quando meu marido João comentou com os amigos do grupo Estilo 4×4 que faríamos uma expedição ao Jalapão em 2008. Algumas pessoas se mostraram interessadas em nos acompanhar e fomos arranjando as coisas, até que chegou o grande dia!
Partimos da Rodovia dos Bandeirantes, em São Paulo, no dia 12 de julho, às 5h30. Rodamos 935 quilômetros e apesar da velocidade controlada por radares e das estradas de Minas, chegamos em Brasília às 18h15. A tempo de fazermos um tour para conhecermos os prédios públicos e já seguirmos direto para dormir em Formosa, Goiás.
Um retão em meio a plantações de algodão, uma verdadeira planície branca, marcou nosso segundo dia na estrada. Foram nove horas e meia por estradas boas, porém com tráfego de caminhões e pista simples. Neste percurso o Troller do Possato deu uma ‘engasgada’ numa das paradas e não queria pegar: acreditamos ser algo com o alarme. Depois que ligou um abraço, seguimos viagem sem problemas!
Terceiro dia e começamos os caminhos por estradas de terra. Logo encaramos uma surpresa – em Rio da Conceição a ponte sumiu! Pegamos outro caminho e seguimos até a Cachoeira da Fumaça, que achamos “chocha”. Chegando em Rio Soninho, uma senhora nos informou que a queda da Cachoeira da Fumaça ficava mais para dentro da mata e não onde havíamos passado. Por isso a “nossa” estava tão “chocha”! Não podíamos deixar passar em branco e voltamos até lá. Aí sim, uma vista maravilhosa que serviu de cenário para nosso almoço. Só saímos de lá no fim da tarde e chegamos em Natividade as 19h.
Na cidade, existe a ruína da Igreja Matriz do século XVIII e nada mais, apenas o vento forte e constante.
Saímos de Natividade e a estrada já tinha um grau mais alto de dificuldade. Em alguns pontos a areia segurava o carro, mas nada que forçasse muito. A vegetação era seca, baixa e retorcida. Nenhuma sombra e um sol muito forte: começamos a sentir o clima do sertão. Foram 60 quilômetros até a Pedra Furada. Assustada com nossa bagunça, uma arara saiu do ninho e voltou gritando. Concordamos que seguir viagem era a melhor opção tanto para o sossego da coitadinha como para nós, que estávamos com a sensação de que o nome do local cai muito bem: uma furada. Depois de voltar os 60 quilômetros e seguir para Ponte Alta, olhando meninos pularem de um trampolim em um rio, ficamos pensando como o dia tinha sido meio doido.
No dia seguinte fizemos compras de artesanatos de capim dourado e seguimos para a primeira atração: Gruta do Sussuapara. Um cânion com riozinho no fundo e muita água escorrendo pelas raízes expostas em suas laterais. É um lugar muito bonito, fresquinho e gostoso. Passando pela estrada nem dá para acreditar que ele existe ali tão pertinho. Ficamos um tempo e seguimos para a Cachoeira do Lajeado, linda também. As placas de pedras vão formando degraus por onde descemos até sua piscina de água gelada e límpida. Nadamos, brincamos, ficamos roxos de frio e voltamos.
Seguindo para a Cachoeira da Velha, vimos uma placa indicando a Lagoa Azul. Fomos conferir: é uma lagoa simples, em propriedade particular, onde os moradores pretendem formar um pesqueiro para atrair mais turistas. Chegando à Cachoeira da Velha, descemos por um pontilhão em ziguezague, debaixo de um sol de lascar. Não se podia chegar até ela, tivemos que admirá-la de um mirante, suas águas são maravilhosas, límpidas e com uma força magnífica. As várias quedas formavam o vapor da água que bate divinamente em nossos rostos. Seguindo um quilômetro a pé por um caminho ou voltando com os carros por uma estrada chegamos à prainha da cachoeira do Rio Novo. Fomos de carro e depois de estacionar e descer uma “enorme” escada de madeira com três lances chegamos ao paraíso. O lugar era divino, apesar do sufoco de subir e descer escadas valeu a pena. Descemos um mundaréu de coisas, armamos as barracas, acendemos fogueira, fizemos a “janta” e admiramos o lindo luar do sertão (noite de lua cheia).
Acordamos com um lindo dia de sol, fizemos um big café da manhã, bem melhor que o dos últimos hotéis e ficamos à beira d’água aproveitando aquele tempo em meio à natureza. De vez em quando batendo nos mutucas que, sem entender que usávamos repelentes, não nos abandonavam. Marcelo já estava manchando as camisetas de suor amarelo por causa do complexo B e os mutucas continuaram a festa nele. Brigando com borrachudos, mutucas e pólvoras fizemos nosso almoço e levantamos acampamento para seguir sentido Mateiros.
No caminho encontramos a Duna do Jalapão, já fim de tarde, o sol se pondo e a lua nascendo. Depois de pagar R$ 5,00 por pessoa, entramos por uma estradinha de areia alta que só 4×4 passa. Encontramos uma L200 enroscada e veio o aviso pelo rádio que o ‘Prego’ também agarrou. O Possato ficou para ajudá-lo e nós fomos ajudar a L200. Empurra, chacoalha e nada, o jeito foi pegar a cinta: um puxãozinho e liberou do enrosco. O Possato resolveu o problema com o ‘Prego’. Chegamos à duna já anoitecendo. Tudo bem que a lua estava “escandalosa”, mas para captar imagens do visual fantástico precisava de luz. O tempo foi curto, quase não registramos nada. A Duna é “pequena”, ao fundo a Serra do Espírito Santo vai se desmanchando e fazendo nascer aquela montanha de areia grossa vermelha. Ficamos como crianças num playground, correndo daqui para lá tentando aproveitar ao máximo.
Chegamos a Mateiros e surpresa: as pousadas estavam lotadas (e olha que são muitas). Saímos pelas ruas procurando opções e encontramos um local simples, mas acolhedor, a Vereda Tropical, da Dona Bibi, uma figura, doida por “dindin”. Pedimos e ela providenciou um “comercial” para a gente, um jantar com arroz, feijão, carne frita e salada de alface e tomate. Achamos o preço (R$ 15,00) caro pelo que é oferecido – tudo bem que parecíamos um bando de gafanhotos.
Saímos do hotel e fomos às compras: mercado, água, combustível, artesanato de capim dourado. Conseguimos sair da cidade por volta das 10h30, seguimos para a Cachoeira do Formiga. Chegando lá, armamos barracas, fizemos um “rango” e fomos brincar nas lindas águas da cachoeira.
À noite, um grupo de estudantes foi nos pedir para levá-los até Mumbuca. Eles foram deixados no camping para fazer pesquisas com campistas, só que a Toyota que os pegaria estava atolada na beira de um rio. Soubemos depois que foi preciso um trator para arrancá-la do atoleiro.
No dia seguinte acordamos, tomamos nosso café maravilhoso e fomos até à Comunidade de Mumbuca. Um antigo Quilombo, com casas de barro cobertas com palha de buriti onde a população sobrevive do artesanato do capim dourado. Conhecemos um trabalho muito bonito desenvolvido com as crianças, chama-se Casinha da Árvore. Neste espaço as crianças têm reforço escolar, uma biblioteca montada com livros doados, incentivo à leitura e fazem pintura, artesanato e aulas de canto.
Para resgatar as raízes, eles estão orientados pelos idosos, montando dicionário de línguas e de ervas medicinais utilizados pelos seus ancestrais. Distribuí doces e brinquedos que levei para esse fim e fui presenteada com uma canção linda. A recepção dos moradores é maravilhosa. Quando nada se espera de um povo que parece não se importar com nada, surge uma luzinha fraquinha que ilumina todo um ser, mostrando que enquanto há vida, há esperança. Muitos seres só precisam que se mostre o caminho, o resto a alegria de viver se encarrega de levar adiante. Isso é o que acontece naquela comunidade longe de tudo e de todos.
Seguimos de lá para o Fervedouro I. O lugar por si só já é lindo, uma piscina no meio de bananeiras, pequenina e aconchegante. Fui andando naquela água tranquila e, de repente, cadê o chão? Não tem como explicar, você fica batendo os pés, sentindo a areia passar pelas suas pernas e pés. Não afunda! Ficamos um bom tempo ali e decidimos ir ao outro fervedouro, bem maior, pertencente ao Korubo, uma empresa que faz turismo com um caminhão pelo Jalapão.
No dia seguinte, arrumamos os carros e seguimos para Mateiros novamente. Avisamos Dona Bibi que dormiríamos lá e seguimos para as Dunas, pois queríamos ver aquela maravilha durante o dia. No caminho o Tropeço achou melhor começar a subir a Serra do Espírito Santo enquanto íamos à duna. Subimos aquele monte de areia escaldante e o visual fantástico compensa todo o esforço. Ao longe avistamos a serra que teríamos que subir na volta, mais uns olhares e voltamos, pegamos os carros e seguimos para o maravilhoso mirante. O caminhão do Korubo estava lá, nos informou que o passeio leva umas três horas entre ir e voltar, já eram 15h e resolvemos nos apressar para tentar descer antes do anoitecer.
Quase sem ar depois de uma hora de subida, cheguei ao topo, deitei-me no chão e esperei o coração voltar para o lugar. Edu e Marcelo chegaram também, descansaram e seguimos os três quilômetros até o mirante. Com muita coragem e vontade fomos até o fim. Do alto vê-se os carros miudinhos lá embaixo.
Depois de mais compras de artesanato de capim dourado, abastecemos e seguimos para Dianópolis. Fizemos outro caminho para voltar e passamos por Garganta, na divisa de Tocantins com Bahia. O lugar é lindo, um cânion gigantesco à beira da estrada. Chegamos a Dianópolis por volta das 13h, abastecemos, almoçamos e seguimos para Alto Paraíso de Goiás. Queríamos aproveitar para conhecer a Chapada dos Veadeiros. A viagem foi tranquila e chegamos a Alto Paraíso de Goiás às 20h. Hospedamo-nos na Pousada Menina Lua, ótimas acomodações, café muito gostoso. No dia seguinte fomos para o Parque com o guia contratado na pousada. Fizemos uma caminhada debaixo de um sol escaldante e sem sombra, vegetação seca e pobre.
Analisando com calma o lugar também é lindo. Existem duas trilhas no parque: a do cânion, que fizemos no primeiro dia, e a outra das cachoeiras que faríamos no outro dia, mas resolvemos voltar. Já havíamos visto muitas cachoeiras, tínhamos o cerrado gravado em nossas memórias e o celular do João começou a cobrá-lo. Tropeço resolveu passar uns dias em Rio Quente, Possato e Prego continuaram na cidade para ver mais um pouco: visitaram a Cachoeira dos Couros, o Vale da Lua e a trilha das cachoeiras no parque, andaram uns 45 quilômetros a pé. Ainda bem que vim embora!
Enfim, a expedição do Estilo 4×4 pelo Jalapão foi um sonho realizado, uma missão cumprida e rendeu muita história para contar.
por: Márcia Colevati
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