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Terra Sem Fronteiras
Maio 12, 2009

Terra Sem Fronteiras

De Jaraguá do Sul ao Alasca, em uma aventura de mais de 70 mil quilômetros que o casal Joyce e Cláudio Guimarães fizeram na Expedição Terra Sem Fronteiras 

Foram 72.496 quilômetros rodados em 252 dias cruzando 17 países, ou seja, muita aventura, emoção e grande aprendizagem. Chegar até o Alasca foi um grande desafio para nós, mas nada poderia ter se concretizado sem o nosso forte e corajoso carro, o “Thor” – um Land Rover Defender 90.  

Saímos de Jaraguá do Sul/SC em 1º de junho de 2007 seguindo rumo à Cordilheira dos Andes, cruzamos rapidamente a Argentina e optamos pelo “Paso San Francisco” para chegarmos ao Chile, com 4.726 metros de altitude é o segunda passagem mais alta, rodeada de montanhas que superam os 6.000 metros. Já no lado Chileno, pura estrada de terra, nos deparamos com uma imagem espetacular: a bela “Laguna Verde”. O vento soprava forte e a temperatura despencava rapidamente, o inverno já estava presente. Antes de passarmos pela Aduana, resolvemos fazer um desvio para conhecer outra bela lagoa, a Santa Rosa, aí sim, foi necessário tracionar e acelerar fundo. Um pó extremamente fofo queria nos segurar, mas depois de levantar muita poeira, estávamos apreciando outra majestosa paisagem da Cordilheira Andina. 

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Ao chegarmos ao litoral Chileno, fizemos novo desvio para conhecermos o Parque Nacional Volcão Esluga e o Salar de Surire, para após seguirmos rumo norte cruzando o Peru e entrando pela primeira vez no Equador, país maravilhoso e de pessoas especiais. Colocamos o nosso Thor num container até o Panamá (já que não existem estradas ligando a Colômbia ao Panamá) e, enquanto ele viajava de navio, fomos conhecer o paraíso inigualável das Ilhas Galápagos. Passados dez dias, embarcamos ao encontro do nosso Thor na Cidade do Panamá e dali, seguimos para cruzar toda a América Central, com destaque para as Ruínas Mayas de Copan no Norte de Honduras. Já no México, o nosso primeiro e terrível imprevisto, se é que se pode chamar de imprevisto: sofremos um acidente e parecia que a viagem havia terminado por ali, mas, com muita vontade e esforço, conseguimos superar esta difícil etapa após 24 dias. Imagine ficar parado todo este tempo após estar acostumado a conhecer novos lugares e países diariamente! 

Por ironia, o motorista do caminhão no qual batemos se chama Jesus, que se tornou nosso amigo e anfitrião na pequena cidade de Zihuatanejo. Mais tarde descobrimos que há muitos ‘Jesuses’ México afora. Viajar pelo México é perceber um país de grandes contrastes sociais, é o lugar do planeta onde o chamado primeiro mundo se encontra face a face com o terceiro, em seus 3.140 quilômetros de fronteira com os EUA. 

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Sair do México era o objetivo, estávamos a três dias da fronteira com os Estados Unidos. Depois de alguns pneus furados, finalmente cruzamos a fronteira de Nogales e um outro mundo surgia diante de nossos olhos: largas rodovias cruzando para todos os lados, paradas para descanso e banheiro, uma estrutura fantástica para se viajar de carro. Isto nos favoreceu e muito, já que o tempo perdido com o acidente nos obrigava a seguir o mais rápido possível para o Alaska, onde o rigoroso inverno ia chegando. 

 

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Paradigmas quebrados, ao contrário dos que muitos pensam, estar e conviver com o povo dos Estados Unidos foi uma experiência única e maravilhosa, conhecer a natureza deste país completou o fantástico aprendizado. Finalmente, conseguimos chegar ao Alasca na primeira semana de setembro, mas queríamos chegar ao extremo do norte do continente, então foram mais 800 quilômetros a partir da cidade de Fairbanks pela Dalton Highway. Cruzamos o Círculo Polar Ártico e, a partir daí, pura estrada de terra até a cidade de Deadhorse. Tocar o Mar Ártico – aliás, o Cláudio fez mais, mergulhou nas suas águas congelantes (promessa cumprida aos amigos) – nos deu um sentimento de objetivo alcançado e estávamos de férias para desfrutar as belezas dos Parques Nacionais dos Estados Unidos e Canadá. 

Dentre as dezenas de parques que visitamos, o Yellowstone foi o que mais nos impressionou. Foi o primeiro parque nacional criado no planeta e inspirou os criadores do personagem Zé Colmeia nas suas peripécias em busca de guloseimas trazidas pelos turistas. Além de sua fauna e flora, este parque tem um diferencial que é a sua incomum e incessante atividade vulcânica que se vê por todos os lados. 

Após mais de três meses rodando pelas estradas norte americanas, tínhamos que regressar ao México em nosso caminho de volta, torcendo para que, desta vez, nossa passagem fosse mais bem sucedida e, de fato, foi. Descemos pela Península de Yucatán, conhecendo as belezas do mar caribenho com as riquezas da cultura maya, e pegamos uma balsa para a ilha de Cozumel, lugar de belos e inesquecíveis mergulhos. Da mesma forma foi na América Central, onde cruzamos por Belize, país de língua inglesa e de uma beleza sem igual, povo alegre e águas de cair o queixo. 

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A partir de Belize cruzamos para a Guatemala onde visitamos as fantásticas Ruínas Mayas de Tikal, lugar especial e de natureza muito preservada. El Salvador veio na sequência, seguido por Honduras, Nicarágua, Costa Rica e Panamá. Neste último, enquanto fazíamos os trâmites para enviar o carro para a Colômbia, tivemos o prazer de viver com os índios Kunas no arquipélago de San Blas, outro lugar espetacular. Destaque também para a mais difícil estrada off-road de toda a viagem, nos fazendo lembrar a terrível trilha de Castelhanos em Ilha Bela, se não fosse o Thor, não conheceríamos estas maravilhosas ilhas. 

Voamos para Bogotá, conhecemos um pouco da capital colombiana com seu povo bastante simpático e acolhedor e seguimos para Cartagena onde o Thor nos aguardava. Fazer os trâmites aduaneiros na Colômbia não é nada fácil, depois de incontáveis, incontáveis mesmo, idas, vindas, carimbos, revistas, taxas, conseguimos libertar o Thor e cruzar todo o país até a Venezuela. Aí o destaque ficou por conta do Parque Nacional Canaima, onde está localizada a mais alta cachoeira do planeta, o Salto Angel, com seus 982 metros de queda livre. O passeio até lá não é nada fácil. É preciso voar uma hora em um monomotor, cinco horas de canoa que lembra um rafting e mais uma hora de caminhada pela mata. Depois é só se refrescar no imenso poço que se forma em sua base, contemplar e sentir a indescritível sensação de estar ali se banhando e ver aquela água despencando das alturas. 

Retornamos ao Thor, em Ciudad Bolívar, e cruzamos a Grand Savana venezuelana quando uma placa de trânsito nos informou: Brasil 10 quilômetros, após tanto tempo fora, seria impossível conter a emoção daquele instante. Passada a emoção, a realidade: Roraima, estado abandonado e com a pior estrada asfaltada de toda viagem nos levou de Boa Vista a Manaus, vergonhoso.  

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O destaque aí ficou por conta do desafio que nos colocamos: encontrar um senhor costarriquenho numa cidade chamada Caracaraí, entre Boa Vista e Manaus. Sabíamos de sua existência através do livro “Conversando com Guilhermo”, escrito por Bruno Garmatz. Quando já íamos ficando sem pistas para encontrá-lo, conseguimos achá-lo. Guilhermo, com quase 90 anos de idade, conheceu boa parte da América viajando a pé. Cruzou todo o Darien, região de densa floresta entre o Panamá e a Colômbia onde não há estradas (lembram-se que tivemos que colocar o Thor em um container duas vezes?), inclusive a Cordilheira dos Andes, depois embarcou em navios para conhecer diversos continentes. Ficamos algum tempo ouvindo suas estórias, com seu sotaque espanhol, até que a difícil estrada até Manaus nos obrigava a prosseguir. 

Após quatro dias de balsa, descendo o Rio Amazonas e dormindo em redes, chegamos à nossa casa no dia 7 de fevereiro de 2008, ao nosso lindo e “triste” Brasil, mas muito felizes de chegarmos ao nosso lar e sabendo que, em pouco tempo, estaríamos loucos para partir novamente. 

Em breves palavras, poderíamos resumir que é essencial buscar o conhecimento por nós mesmos, sem a interferência dos meios de comunicação. Não devemos simplesmente repetir o que ouvimos aqui ou ali, mas falar de nossas próprias experiências.  

Terra Sem Fronteiras

por: Cláudio e Joyce Guimarães

 

 

 

 

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