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Tia Mi
dezembro 18, 2009

Tia Mi, jipeira de verdade

Tia Mi praticamente nasceu com 4×4 na cabeça, não abandona o Jeep que ela própria reformou e até seu coração é de jipeiro 

No mundo do off-road infelizmente as mulheres ainda são minoria. Muitas vezes, elas vão para a trilha apenas para acompanhar os maridos e namorados ou até mesmo para cuidar dos filhos. Umas gostam, outras nem tanto. 

Mas Milena Dias é diferente. Morando em Campinas e envolvida com jipes desde criança, ela é uma jipeira de verdade. Porém, você dificilmente encontrará algum jipeiro que a conheça pelo seu nome de batismo. Já se procurar por Tia Mi encontrará muita gente que a conhece, no mundo real e no virtual. 

Tia Mi

Seu pai, quando serviu ao exército, foi motorista de viaturas militares. Ele dirigia e fazia a manutenção principalmente de jipes CJ-5, veículo pelo qual criou uma grande paixão e a passou para os filhos. Durante toda sua infância Tia Mi ouvia falar da incrível capacidade do Jeep de transpor obstáculos, da sua robustez e simplicidade mecânica e de todos seus atributos. Na sua casa, jipe é que era carro de verdade, mesmo que existissem outros veículos na garagem. 

No início da década de 1980, Tia Mi ainda era uma criança, jipeiro era coisa rara e a Ford estava parando a produção do CJ-5, mas sua paixão por jipes já era forte. Foi quando seu irmão, nove anos mais velho, comprou um jipe Willys 1951, para a felicidade daquela menina. Todo final de tarde ele tinha que levá-la para dar uma volta de jipe em um terreno onde havia sido realizado o Hollywood Motocross. Quase sempre o jipe voltava desses passeios com algum problema, muitos resolvidos na garagem de casa, por seu pai e pelo irmão. Ao mesmo tempo em que Tia Mi cultivava o gosto por jipes e lama aprendia mecânica na prática. 

 

Loja Planeta Off-Road

 

Tempos depois o jipe foi vendido e a garota, que dificilmente chorava, passou uma semana se desfazendo em lágrimas, segundo a mãe. Tia Mi diz que se lembra da tristeza quando o novo dono veio buscar o 51, mas não se lembra de ter chorado tanto. Há controvérsias. Por volta de 1990 o irmão comprou outro jipe, um 1952.  

Mais alguns anos se passam, já em 1995, ela começou a trabalhar e entrou na faculdade. Precisava de um veículo para se locomover e na mesma época seu pai estava reformando um Jeep 1965, com a intenção de vender. Vendido ele foi, mas continuou na família, pois a compradora foi Tia Mi, que está com ele até hoje. 

O jipe estava muito bom de chassi e carroceria, entretanto escondia alguns problemas. Um mês depois da aquisição, ela foi participar do 2º Raid dos Namorados de Campinas e por conta destes “problemas ocultos” aconteceu um pouco de tudo: faltou freio, o câmbio encavalou, a alavanca da reduzida saiu, entre outras coisas menores.  

Depois desses percalços, ela viu que era preciso fazer uma reforma na parte mecânica e elétrica do 65. A reforma aconteceu, ela se divertiu nas trilhas até 2000, mas o trabalho aumentou e tomou conta até de seus finais de semana. A Tia Mi jipeira deu uma pausa porque a profissão exigia. O jipe ficou em casa sendo tratado com carinho, sempre limpinho. Mas com saudade da trilha.  

Tia Mi

Em 2005, ela voltou a ter os sábados e domingos livres. Após uma trilha, que molhou o filtro de ar era hora de colocar um snorkel. Só que isso custou parte de dois dedos da sua mão esquerda. Ao fazer um furo em uma braçadeira que prenderia o snorkel no jipe, a broca travou na peça e tudo saiu girando. E cortando. Ela perdeu quase metade do dedo mínimo e do anelar. 

Apesar disso não se deu por vencida, já que seu lema é “rir é o melhor remédio”. Três semanas após o ocorrido, ela estava em uma casa noturna, com a mão toda enfaixada, quando um rapaz que ela nunca tinha visto puxou conversa. Quando ele disse que sabia como ela havia machucado a mão, isso a assustou. “Será que estou sendo vigiada?”, perguntou-se. Semanas depois ela voltou a encontrar com o tal rapaz em uma loja de peças para jipes e nos encontros de jipeiros, que acontecem na cidade. A afinidade veio à tona depois de horas de conversa madrugada adentro, sobre relação de diferencial, coroa e pinhão. 

Começaram a namorar e em maio de 2008, Tia Mi e Ricardo Casonatto casaram-se. Segundo palavras dela, foi um “ajuntamento”. Ele foi para a cerimônia vestido como se fosse para a trilha e ela estava vestindo um macacão de mecânico. Ou melhor, de mecânica. 

Receberam presentes comuns de casamento, mas também vários itens relacionados a jipes, como grade e painel de CJ-5. A lua de mel foi na Fenajeep, e não poderia ser diferente. 

Em 2007, ela participou da equipe Ensimec de rock crawling. Seu sonho atual é participar do Rally dos Sertões, de preferência pilotando um caminhão. Alguém se habilita a patrocinar? 

Tia Mi

 

 

 

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