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Wrangler nas alturas

Com altura de 52 centímetros do solo aos diferenciais, este Jeep Wrangler anda nas trilhas mais pesadas sem nenhuma preocupação com seu vão livre, causando inveja a todos 

Um dos principais objetivos quando se transforma um 4×4 para as trilhas é aumentar seu vão livre. Mas não existe milagre para isso, pois os eixos só ficam mais altos com o aumento do diâmetro dos pneus.  

Se por um lado o 4×4 fica mais elevado em razão da altura dos pneus, por outro lado, consequências desagradáveis ocorrem. O desgaste de várias peças, proporcionadas pelo aumento do peso dos pneus, causam reflexos em toda a suspensão, sistema de direção, tração e até lataria. 

Este desafio foi resolvido pelo engenheiro, empresário e off-roader Paulo Cezar da Silva, um catarinense de Araranguá, precursor das arrancadas de caminhões nas areias da praia de Arroio do Silva. Em 1986 a iniciativa do “arrancadão” foi muito bem recebida pelo então prefeito de Araranguá/SC, hoje deputado estadual, Manoel Mota e pelo secretário de turismo Carlos Verdieri, que deram início à grandiosa modalidade esportiva, sucesso até hoje. 

Num misto de curioso, inventor e engenheiro, Paulo Cezar se inspirou num trator utilizado numa marina, o qual foi alterado para ganhar altura no mar através de um sistema chamado de “portal”.  

Diferentemente do caminhão Unimog, que possui sistema de engrenagens nas extremidades dos eixos para ganhar mais altura no vão livre (cerca de 10 centímetros), o Jeep Wrangler de Paulo Cezar ganhou um portal com duas correntes de uso industrial que trabalham em um conjunto de coroa e pinhão (semelhante ao de uma bicicleta) banhadas em óleo com retentores especiais. 

Este sistema ainda proporciona uma redução de 20% nas rodas que, associadas à redução da coroa e pinhão do diferencial – alterado para 4.72, traduz numa tração muito forte, transformando este Wrangler num verdadeiro trator. 

Para equilibrar todo esse peso no Jeep, foram necessárias várias outras alterações no 4×4. No conjunto de suspensão recebeu molas mais duras, amortecedores mais fortes, barras tensoras inferiores em aço maciço, superiores em tubo reforçado com uniball nas extremidades. 

Os eixos são Dana 44, com bloqueio Kaiser automático de 100% no eixo traseiro e no dianteiro a ar de 100% da ARB. As pinças de freio duplas vieram da Toyota Hillux. Pivôs e terminais de direção vieram do caminhão Volkswagen e não utiliza estabilizadores. 

Para instalação dos “portais”, foi necessário também um corte de 12 centímetros em cada extremidade dos eixos, recebendo novas pontas de eixo em aço forjado. O sistema é impressionantemente forte e silencioso. Ao rodar com esse Wrangler não se nota qualquer diferença para um Jeep alterado para trilha.    

O motor, câmbio e caixa de transferência são originais do Wrangler recebendo apenas uma nova injeção eletrônica Fueltech, que deu mais força ao motor. No interior recebeu reforço no santo-antônio, com acréscimo de dois novos pontos com tubo de 4 mm de duralumínio e uma chapa de alumínio no teto. 

Com esta altura foi fácil instalar pneus 35” da Maxxis recapados pela Ost do Rio Grande do Sul, com desenho muito agressivo. Foi instalado nos pneus um sistema da Staun Products dos EUA – www.staunproducts.com – chamado internal beadlocks, que consiste numa espécie de pneu interno em nylon que recebe 45 libras e o externo 8 libras. Esse sistema impede o destalonamento dos pneus e possibilita ampla regulagem de pressão para todo tipo de terreno. Ideal para este Jeep feito para passar por cima de tudo. 

Ficha Técnica 

Motor
Dianteiro, longitudinal, seis cilindros em linha. Injeção eletrônica Fueltech.
Cilindrada: 3.960 cm3 
Potência: 174 cv a 4.500 rpm
Torque: 31,8 kgfm a 3.800 rpm 

Transmissão
Automática, 4 marchas mais ré.
Tração 4×2 (traseira) com opção de 4×4 e 4×4 reduzida.
Caixa de transferência: BorgWagner
Diferenciais Dana 44 com relação 4,72, ponta de eixo forjada e sistema portal através de corrente. 

Freios
Dianteiro: a disco ventilado.
Traseiro: a tambor. 

Direção 
Hidraúlica com esfera recirculante. 

Suspensão 
Dianteira: eixo rígido, braços de engate “Quadra Coil”, molas helicoidais, tensor, barra estabilizadora e amortecedores a gás Rancho 9.000.
Traseira: eixo rígido, tensor de reboque “Quadra Coil”, molas helicoidais, barra estabilizadora e amortecedores a gás Rancho 9.000. 

Pneus e Rodas
Pneus 35” R16 montados em rodas de liga leve com beadlock interno Staun. 

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