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Expedição Ushuaia Minas 4
Para quem gosta de grandes viagens a bordo de um 4×4, existem alguns destinos que são bastante cobiçados. Porém, para chegar até eles, não basta apenas colocar o carro na estrada; é preciso muito estudo e planejamento. Depois de dez anos de “namoro”, o grupo Minas 4 enfim conheceu o Ushuaia
Dez anos! Este foi o tempo necessário para que um grupo mineiro de amigos, apelidado de Minas 4, decidissem realizar uma expedição ao Ushuaia, Argentina. Depois de inúmeras viagens feitas pelo Brasil, o entrosamento entre as sete famílias (totalizando 29 pessoas, com idade entre 13 e 83 anos) foi o fator principal para a decisão. Não havia mais motivos para adiar a tão sonhada expedição, que aconteceu no final de 2008 e início de 2009. O objetivo era chegar ao local conhecido como o “Fim do Mundo”, a cidade mais austral do planeta.
Depois de muitas pesquisas sobre todo o roteiro, o Minas 4 decidiu por realizar deslocamentos longos para atingir rapidamente o objetivo. Os hotéis foram escolhidos de forma a garantir o conforto necessário, sempre com a intenção de tornar agradáveis os milhares de quilômetros percorridos. Reservar os hotéis foi uma necessidade, pois seria impossível conseguir acomodações para um grupo tão grande de forma improvisada.
Um “road book” foi preparado para cada um dos veículos, com informações sobre os deslocamentos, cidades, hotéis, velocidades médias para cada trecho, tempo de viagem, aduanas, concessionárias autorizadas, estações repetidoras de radioamador, entre outras. E desta forma, começou-se a expedição.
Pé na estrada
A Expedição Ushuaia 2008-2009 teve 23 dias, com partida de Belo Horizonte, MG, no dia 26 de dezembro. O início da viagem foi tranquilo, e após dois dias já estavam na Argentina. A entrada no país “hermano” se deu pela cidade de Posadas, próxima a Foz do Iguaçu, PR.
Com quase 3 mil quilômetros percorridos, alcançaram o município de Lujan, AR, situado na Grande Buenos Aires. Chamou-lhes a atenção a Basílica de Nuestra Señora de Lujan, um dos monumentos religiosos mais visitados do mundo. Duas enormes torres com 106 metros de altura são a marca registrada desta bela igreja.
Esta turma escolheu a cidade de Puerto Madryn, AR, para o réveillon, onde ficou por duas noites. O lugar é a porta de entrada para Península Valdés – um santuário ecológico que abriga colônias de leões marinhos, pinguins, pássaros e vários outros exemplares da fauna local. A Península é declarada Patrimônio Ecológico Mundial.
Na praia de El Doradillo, fizeram uma parada na tentativa de avistar as baleias franco-austrais, que ali se reproduzem. Infelizmente, só viram carcaças de alguns destes mamíferos. A chegada de 2009 foi comemorada em grande estilo, em um dos salões do hotel, e depois de muitas gargalhadas, foram descansar, pois ainda restava muito chão até o destino dessa aventura.
No oitavo dia, esta turma passou pelo Chile, e o Ushuaia estava cada vez mais próximo. Saíram da cidade de Rio Gallegos com ventos extremamente fortes. Nas aduanas Argentina e Chile, foram necessárias três horas para a liberação.
Em território chileno, esses aventureiros conheceram o verdadeiro vento polar. Rajadas violentas e constantes tornaram a pilotagem um novo aprendizado. Eles chegaram ao Estreito de Magalhães, conhecido por ter uma das águas mais revoltas do planeta, exatamente em função do vento.
Embarcaram os veículos na balsa que, em cerca de 40 minutos, os levou em segurança para a outra margem, ainda no Chile. Logo em seguida, veio o primeiro deslocamento fora de estrada pavimentada. Cerca de 130 quilômetros de rípio, e chegaram novamente na Argentina passando, outra vez, pela aduana.
A paisagem começava a mudar, mostrando montanhas nevadas e lagos maravilhosos. Uma parada para comemorar, com champagne, a conquista do Fim do Mundo. Por volta das 22h30 (ainda clara), os Minas 4 entraram triunfantes e emocionados na cidade que os atraiu por dez anos. Chegaram ao Ushuaia, onde permaneceram por quatro dias!
Dias incríveis
O grupo conheceu o Parque Nacional da Tierra Del Fuego, localizado na Baia Lapataia – último ponto do planeta onde se pode chegar com um veículo. O Canal de Beagle também foi visitado: os aventureiros fretaram um barco para conhecer as belezas daquela porção de água, que recebeu o nome da embarcação que conduziu Charles Darwin, quando escrevia sua Teoria da Evolução das Espécies.
Estiveram no Farol do Fim do Mundo, colônia de leões marinhos, ilha dos pássaros, com uma quantidade incontável de cormorones (pássaro típico da região austral) e uma vista privilegiada da Baia de Ushuaia. No início da tarde, as montanhas que circundam a cidade iam sendo pintadas de branco pela neve que começava cair.
Com a temperatura na marca do 0 ºC, os Minas 4 saíram de Ushuaia no dia 6 de janeiro, rumo a El Calafate, situada a 885 quilômetros a Noroeste – o lugar parece com um Oasis quando visto do alto, e é muito procurado por conta do Parque Nacional dos Glaciares.
No 15º dia da expedição, o grupo se separou: uns queriam permanecer em El Calafate e explorar ainda mais a região, outros foram para El Chalten, e outros para a Estância Típica da Patagônia. Depois que cada turma fez o que desejava, juntaram-se novamente, e iniciaram o trajeto do retorno.
De volta para casa
Com destino a Comodoro Rivadavia, os expedicionários encontraram muita lama. Uma chuva caiu na madrugada anterior e deixou o piso escorregadio o suficiente para testarem as habilidades dos motoristas e as aptidões dos carros. Um pneu furado pelo rípio foi o único contratempo nesta fase da viagem.
No 18º dia, o percurso foi Buenos Aires, AR, a Montevidéu, Uruguai. Para isso, embarcaram na balsa com destino a Colônia de Sacramento, UY. O terminal é muito organizado e a balsa oferece todo o conforto, inclusive free-shop. Após, pouco mais de uma hora de navegação pelo Rio Da Prata estavam em Colônia.
Fundada por portugueses, em meados de 1500, a cidade guarda um centro histórico muito bonito e bem preservado, com charmosas pousadas. Depois de um breve e proveitoso passeio pelo local, seguiram para Montevidéu, local que destinaram um dia inteiro para passeios.
Punta Del Este, UY, um dos mais famosos balneários da América do Sul foi o destino do dia seguinte. Grandes e belos prédios, hotéis, cassinos e uma marina com inúmeros iates e veleiros, marcaram a paisagem
Com entrada no Brasil, a rota até Belo Horizonte foi Chuy, RS, Porto Alegre, RS, Florianópolis, SC, e Curitiba, PR. O último dia da expedição teve 1 mil quilômetros até a capital mineira.
Na despedida, o Minas 4 brindou e recitou um poema, feito por um dos participantes durante a viagem. O texto traduziu tudo o que fizeram e sentiram ao longo de 14 mil quilômetros, de muita alegria, belezas e companheirismo. “Ir para o Ushuaia é necessário sonhar e ter a determinação de tornar esse sonho, realidade”, disse Tito Roquete.
Dicas úteis
• Faça uma boa revisão no carro. Em 14 mil quilômetros, vários contratempos podem acontecer. Como é um percurso longo, troque o óleo e filtro pouco antes da saída. Leve um filtro de combustível de reserva, pois combustível contaminado, infelizmente, não é raro.
• Leve a chave reserva e deixe-a com um companheiro de viagem.
• Faça um pequeno alongamento antes de começar o dia de direção. Pernas e braços vão agradecer.
• A carteira de identidade brasileira serve como documento nas fronteiras de Argentina, Chile e Uruguai, porém, somente se tiver menos de dez anos de emissão. Carteiras tipo CREA e OAB não são aceitas como documento fora do Brasil. O passaporte é uma boa opção para as aduanas.
• Na Argentina é lei trafegar com os faróis baixos ligados. Atenção, pois eles multam mesmo. Também é obrigatório que cada veículo tenha dois triângulos de segurança, um cambão ou cinta para reboque, e um kit de primeiros socorros. Já no Uruguai, faróis baixos inclusive na cidade.
• O seguro Carta Verde é exigido em todas as paradas da polícia, na Argentina.
• Faça câmbio de moeda nas aduanas, em todas elas (binacionais), existe uma loja para isto.
• Em nenhuma das alfândegas é permitida a entrada de comida que possa ser passível de contaminação (carnes, frutas, queijos etc.) Eles revistam o carro.
• No extremo sul, a temperatura no final do ano varia entre 5 ºC e 15 ºC, portanto, agasalhos serão necessários. Em Ushuaia, El Calafate e Peninsula Valdés, o vento aumenta muito a sensação térmica, e estar protegido é imprescindível. Um bom agasalho contra o vento é aconselhável.
• Para as paradas de deslocamento, leve uma mala menor com as roupas e itens necessários. Isto evitará o transtorno de arrumar o porta-malas todos os dias.
• No Uruguai é possível pagar tudo em moeda local, Real ou em Dólar. Na maioria das lojas, postos de pedágio e hotéis, já existe uma tabela de conversão. Em alguns lugares a conta já vem em mais de uma moeda.
• Se estiver sozinho leve, se for possível, um pneu sobressalente, além do estepe.
• Não se assuste na Argentina: nos postos de abastecimento próximos às fronteiras, o combustível para estrangeiros é mais caro. Existe uma lei que assim determina.
Dados da Viagem
Países: Brasil, Argentina, Chile e Uruguai
Quilômetros: 14.027
Veículos: três Land Rover Defender 110, três Land Rover Discovery 3, uma Mitsubishi Pajero Full
Consumo de combustível: 1.400 litros de óleo diesel
Preço médio do combustível: US$ 0.82/L
Custos (por quatro pessoas):
Combustível (diesel): US$ 1.158,00 Hotéis: US$ 5.870,00 * Alimentação: US$ 2.271,00 Pedágio: US$ 99,00 Balsas: US$ 302,00 Seguro internacional (carta verde): US$ 160,00 Seguro saúde: US$ 264,00 Custo total da viagem: US$ 10.124,00 **
* Possível de ser reduzido, no caso de grupo menor
** Não inclusos passeios, compras e manutenção do veículo.
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