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Ural 375 V8 6×6, o gigante russo
Parado ele impressiona, andando ele assusta. Este é o Ural 375 V8 6×6, também conhecido como Ural 4320
Ao contrário da maioria dos caminhões utilizados pelo Exército Brasileiro, este veículo não é uma adaptação. Ele é como o Jeep Willys e o Engesa 4: é um militar que pode ser usado no uso civil, e não o inverso. Com isso ele apresenta muitas vantagens no uso off-road ou mesmo no asfalto com suas peças superdimensionadas e pouca utilização de plástico.
Quase tudo no Ural é superlativo, sendo que em alguns países ele é chamado de “monster truck”, e com razão. Claro que existem falhas, como as maçanetas externas construídas em metal que se quebra facilmente. Algo inexplicável em um veículo tão resistente, embora seja um erro pequeno em relação aos benefícios que ele oferece.
Sua manutenção é facilitada pela simplicidade do projeto e pelas poucas mudanças que ele sofreu desde que foi lançado, na década de 1960. Não que ele seja o mesmo de 30 ou 40 anos atrás, mas para nossos padrões ocidentais as mudanças foram poucas. A maior alteração foi a troca do motor em 1976, que deixou de ser a gasolina para ser a diesel.
Seu enorme motor V8 a diesel de 14.860 cm3 gera 240 cv de potência a 2.100 RPM e torque de 90 kgfm a 1.450 RPM. Apenas como exemplo, o caminhão brasileiro VW Worker 15.180 4×4 tem 6.450 cm3, 172 cv de potência e torque de 61 kgfm. Seu tanque de combustível comporta 300 litros e sua velocidade máxima é de 75 km/h.
Seu consumo é estimado em 2,85 km/l a 60 km/h. Se ele gasta isso com motor a diesel, imagine quando o motor era a gasolina.
O curso da suspensão é muito bom e dificilmente você irá conseguir atolar este caminhão. Além da boa suspensão, força do motor, altura, pneus e reduzida fazem a diferença. Claro que ele tem seus limites, mas eles estão muito além do limite de outros veículos. O tamanho do caminhão não é para qualquer trilha, mas se ele couber certamente seguirá em frente.
Os diferenciais são ligados ao eixo cardã por cima, e não pela frente (no traseiro) ou pela parte de trás (no caso do dianteiro) como é comum, proporcionando maior altura livre. O diferencial dianteiro é igual aos traseiros. Em caso de quebra é possível tirar, inverter e sair rodando. Na traseira há um guincho mecânico acionado por cardã para 11.000 kg.
Frio e calor extremos não são problemas para o Ural. Ele foi projetado para suportar as baixas temperaturas da Sibéria ou o clima quente e seco dos desertos. Areia, lama, terreno alagadiço, pedras e neve fazem parte do seu currículo.
A história de como este caminhão chegou ao Brasil é incerta. Fabricado na Rússia em 1997, desembarcou aqui entre 1999 e 2001 com cerca de outros 30. Há quem diga que a importação foi ilegal, outros dizem que a importação foi legal do ponto de vista fiscal com o devido recolhimento dos tributos, porém foram apreendidos por se tratar de material militar, o que só teria sido verificado quando entraram no Brasil. Apesar de não possuírem armamentos, alguns tinham toda a preparação para recebê-los, segundo informações extra-oficiais.
E devido à burocracia a Receita Federal demorou em repassá-los para as Forças Armadas. Ficaram expostos ao sol e chuva e começaram a se deteriorar, quando poderiam estar em serviço.
Esta unidade das fotos está em Pirassununga (SP) no 13º Regimento de Cavalaria Motorizado, juntamente com outros modelos idênticos. Há também alguns Ural 4×4, que tem a aparência bastante semelhante ao 6×6. A maioria está rodando, mas alguns estão desmontados e servindo como fornecedores para os demais, já que não há estoque de peças de reposição no Exército ou na Aeronáutica, para onde eles foram encaminhados depois que a Receita Federal os liberou. E não seria difícil ter em estoque algumas das peças que mais se desgastam, já que o Ural 6×6 continua em produção na Rússia. Mas o Governo Federal precisa autorizar a compra, o que não foi feito.
O Exército Brasileiro, assim como outros órgãos governamentais militares e civis, deveria estar mais bem equipado e a compra de caminhões Ural 6×6 seria uma boa forma de atualizar o setor de caminhões das nossas Forças Armadas. Afinal, ele cumpre o que promete com muita competência.
Por: Eduardo M.P. Dantas
Agradecimentos: Exército Brasileiro, 13º Regimento de Cavalaria Motorizado, Expedito Carlos Stephani Bastos
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