• (14)
  • (46)
  • (25)
  • (7)
  • (23)
  • (6)
  • (39)
  • (18)
  • (51)
  • (50)
  • (116)
  • (20)
  • (29)
  • (21)
  • (28)
  • (6)
  • (10)
  • (31)
  • (20)

Anuncie também

Anuncie gratiutamente na mais completa seção de classificados off road da web brasileira

Mauricio Neves
julho 21, 2010

Maurício Neves

A história de Maurício Neves no off-road começou em 1997 e está escrita em vários capítulos que incluem muitas vitórias e até a participação no Rally Dakar, pilotando um carro de uma equipe mundial 

Há 13 anos, Maurício Neves mal podia imaginar que um dia seria um dos maiores pilotos de rally cross-country do Brasil. Seu nome é conhecido pelos quatro cantos do País devido aos títulos que conquistou nas principais competições da modalidade, incluindo Rally dos Sertões (2007) e Mitsubishi Cup (2008).  

Mas sem dúvida nenhuma, este paranaense de 41 anos, chegou ao auge da carreira quando foi convidado para pilotar um dos VW Race Touareg pela equipe oficial da Volkswagen no Rally dos Sertões de 2009 e, em consequência, no Rally Dakar Argentina Chile de 2010. “Com certeza este foi o mais fantástico e surreal momento da minha trajetória no rali, porém, é preciso atentar ao fato de que isso só aconteceu por conta do retrospecto da minha carreira”, reconheceu Neves. 

Maurício Neves

O convite dos alemães  

Segundo o piloto, tudo foi muito rápido e inesperado. Certo dia ele recebeu uma ligação de um renomado jornalista especializado em automobilismo, Carlos Cintra Mauro, mais conhecido como Lua, que intermediou a negociação com a Volkswagen da Alemanha. “Fui avisado que a marca estava interessada em me ter como piloto para o Sertões 2009. A princípio, fiquei muito feliz, mas não conseguia equacionar como isso de fato seria real. O interesse em ter uma dupla brasileira estava em andamento há bastante tempo, e nós não imaginávamos. Ao saber que eu estava na lista dos nomes cotados sofri por pelo menos um mês antes do Sertões, na expectativa de ser o escolhido ou não”, contou. 

Loja Planeta Off-Road

 

Inevitavelmente, surgiu a pressão; mas por incrível que pareça, da torcida brasileira. Neves não treinou com o carro, sentou-se no banco do Race Touareg dias antes da largada do Rally, em Goiânia/GO. “As pessoas queriam que eu superasse os ‘gringos’, porém, os alemães só diziam para eu competir tranquilo. O resultado foi uma luta pessoal muito grande, pois logo no primeiro dia deu para notar que eles não são ‘super-heróis’ e que poderíamos andar na ‘balada’ deles. O problema é que não sabíamos nada sobre a equipe e o comportamento do veículo”, justificou. Um contratempo no segundo dia de disputa comprometeu o resultado de Neves, que terminou a prova na sexta colocação geral. 

Terminado o Rally dos Sertões, veio a tensão do Dakar e a expectativa se a dupla do Brasil continuaria ou não no time. Enquanto a decisão não era tomada, Neves e seu navegador, Clécio Maestrelli, ficaram em stand by. “Este tempo de espera é complicado, principalmente quando o restante do grupo seguia em ritmo de treinamento com o carro no deserto, no Marrocos”, falou. 

Maurício Neves

Resolvidas essas questões, enfim, Neves e Maestrelli foram confirmados oficialmente, e o único tempo com a equipe no pré-prova foi na neve. “Mas não teve neve no Dakar!”, exclamou o piloto. “Então, imagina como foi pilotar na areia no terceiro dia de prova? Algo do tipo: ‘te vira, por isso apostamos em você”, confidenciou. 

De acordo com o piloto, no Dakar, quem arrisca mais e tem sorte, se destaca. “É preciso procurar opções de estrada, porque se seguir completamente a planilha andará vários quilômetros a mais que os ‘ponteiros’, e é aí que a experiência faz uma diferença enorme, pois não se pode também perder os way points”, relatou. No terceiro dia, os brasileiros já tinham compreendido essa artimanha, o problema é que a dupla não tinha a expertise dos competidores veteranos, e com isso o estresse mental se tornava muito grande.  

Este brasileiro sabia da responsabilidade que assumiu, afinal ir para a maior rally do mundo, com o melhor carro, a melhor equipe e não ter um bom resultado, estava fora de cogitação. Os alemães os queriam entre os melhores. “E isso nós fizemos. Enquanto andamos, estivemos entre os cinco primeiros. Liderar uma especial, chegar ao pódio ao final de uma etapa do Dakar, definitivamente não é para qualquer um. Por conta disso, sei que fiz o meu melhor, e hoje o mundo do cross-country sabe quem é Mauricio Neves”, salientou. 

Maurício Neves

Para um piloto de rally, principalmente de cross-country, o Dakar é um sonho. Depois de participar do evento com um “supercarro e time”, Neves de certa forma decepcionou-se um pouco com o certame, por considerá-lo muito “louco” e pouco prazeroso. “Saí de lá ainda mais fã do Rally dos Sertões. O Dakar é muito estressante e extremamente desafiador, e não tão prazeroso como imaginava. Posso dizer que vi a morte de perto. Nosso acidente foi muito sério, e minhas lesões foram complicadas. Se estivéssemos na África, talvez teria sido pior”, comparou. “Mas uma coisa é certa, o Dakar é uma aventura única, um desafio sem precedentes”. 

“Os pais sempre dizem aos filhos que o conhecimento e educação, ninguém tira deles, e na minha passagem pela VW Motorsport, construí muito mais do que currículo, fiz amizades que ficarão para o resto da vida”, disse Neves. A experiência e sensação de pilotar o Touareg são únicas e pouca gente no mundo teve a sorte de poder conhecê-la. No Brasil, é muito difícil receber o reconhecimento e valor que isso agrega a um piloto, onde a prioridade é falar de futebol, e um pouco de Fórmula 1. Mas Neves fez e aconteceu e talvez, se estivesse em outro lugar, como EUA ou Argentina, seu sucesso e repercussão seriam ainda maiores. “Mas tenho comigo a certeza de que o melhor está por vir, eu espero e acredito nisso”, encerrou. 

 por: Isis Moretti

 

 

Comentários