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Bebida
julho 21, 2010

Vai uma cervejinha?

Muitos discordam e acham que não tem problema nenhum, mas, beber e dirigir não é só contra a lei, é uma irresponsabilidade tremenda 

Na rua, onde estamos acostumados a lidar com semáforos, trânsito, pedestres e pequenos obstáculos, estar sóbrio é importante para evitar acidentes. Na trilha, onde enfrentamos obstáculos enormes, buracos, valas, inclinações, descidas e subidas escorregadias, atoleiros, galhos de árvores etc., nossa percepção de perigo deve estar 100%, assim como nossa atenção. Para tanto, manter-se sóbrio não é só importante, é fundamental. 

 Afetando quem está em volta 

Até que eu gostaria, mas sei que não há como ter a pretensão de fazer com que os bebedores parem de beber nas trilhas. Mas, se você é o companheiro que não bebe e está de ‘zeca’ ou em outro carro, que pode ser atingido pelo veículo ou por alguma imprudência do companheiro bebedor, é bom tomar cuidado. Mantenha distância do veículo dele, tanto em manobras em que você (ou ele) esteja a pé, como em manobras em que você possa estar em seu jipe. Nunca se coloque em posição de risco, mesmo que tentando ajudar. Se você for rebocar o jipe do bebedor, é bom que outro assuma o volante do jipe dele. Nunca aceite ser rebocado pelo bebedor.  

A toxicidade do álcool nas trilhas 

Independentemente do tipo de terreno que enfrentemos, não é difícil perceber que o esforço na trilha é grande. Atoleiros, erosões, desce do jipe, olha o obstáculo, empurra daqui, puxa dali aquele sol na cabeça, calor, frio, poeira, umidade, longos períodos sem se alimentar ou sem ingerir água. O álcool é muito rico em proteínas e calorias, e por essa razão, inibe com eficiência a sensação de fome. Porém, é a sensação de fome que nos avisa que o ‘tanque’ está ficando vazio e precisa de comida. Além disso, ao contrário do que muitos possam acreditar, o álcool desidrata, além de intoxicar nossas células, provocando, dependendo da exposição, quantidade consumida e metabolismo do bebedor, intoxicação. Aquela dor de cabeça que se sente depois que passa a bebedeira é um dos sintomas. 

Bebida

O excesso de confiança 

Quebras por forçar o equipamento sem perceber, tombos por não evitar aquela inclinação acentuada, colisões por perder a noção de espaço, o mal uso de equipamentos de segurança, entre outros fatores, são exemplos típicos de negligência causados pelo excesso de confiança que o álcool traz. Alterações na percepção do perigo e a demora em responder a ele, podem ser fatores determinantes para evitar um acidente e gerar vítimas. 

Agravando as lesões 

O álcool em excesso pode, em caso de acidente, tornar a avaliação clínica falha, tanto por parte do socorrista, quanto do médico, tornando as respostas físicas e psicológicas alteradas em relação a uma vítima sóbria. A responsividade alterada pode causar agravamento do quadro, estendendo os ferimentos internos (se houverem) ou mascarando sintomas clínicos importantes como tontura, náusea e dor. 

 O antes e depois da Lei seca 

Tive a oportunidade de avaliar, do ponto de vista clínico, os efeitos da chamada Lei Seca, implantada no Brasil em junho de 2008. Nessa época, eu era professor no serviço de emergência do Pronto Socorro do Hospital São Paulo, pertencente à Universidade Federal de São Paulo, que recebia um grande número de vítimas de trauma. A maioria por acidente automobilístico. Depois da Lei Seca, o Pronto Socorro quase que ficou às moscas. Era visível a redução no número de atendimentos e a redução drástica da gravidade das vítimas que a equipe, da qual eu fazia parte, atendia. 

Entendo que muitos consideram a trilha do fim de semana uma diversão, um momento para relaxar e descontrair com os amigos, onde a bebida e o churrasco façam parte. Mas não se esqueça que a trilha não é um lugar onde se deva negligenciar a segurança. E beber durante ela pode fazer você perder a noção do perigo e arriscar mais do que precisa. 

Decidir voluntariamente (já que ninguém te obriga a beber) arriscar mais do que se precisa em um local em que, em caso de acidente, o socorro demora a chegar pode ser o ponto chave entre um bom ou mau final para o seu divertimento. Por isso, deixe as cervejas para o fim da trilha, para quando você chegar em casa e preparar aquele churrasco com os amigos. 

Lembre-se sempre: segurança em primeiro lugar! 

Por: Felipe Marx 

 

 

 

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