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Quebrou!
Para alguns, trauma é pegar o vizinho manobrando seu jipe! Para outros, é um amassado na lataria ou um grande vazamento de óleo! E se a lataria for seu corpo e o vazamento não for bem de ‘óleo’?
Por definição, trauma é um conjunto de perturbações mecânicas que são causadas por um agente externo associado à força mecânica. Trocando em miúdos, é tudo aquilo que pode causar arranhados ou amassados na sua ‘lataria’.
A maior parte dos jipeiros sabe que arranhões e pequenos amassados são comuns e até fazem parte da prática off-road. Entretanto, existem amassados e quebras que não têm como arrumar no meio do mato, e aí, só guinchando para fora da trilha.
Se você se machuca com mais gravidade, não é diferente. Não há muito que fazer para corrigir o problema no meio do mato e, dependendo da gravidade da lesão, o atendimento especializado tem que ser dado o mais rápido possível!
Não há como ensinar técnicas de salvamento nesses parágrafos. Mesmo assim, nessa nova série de artigos, tentarei mostrar um pouco do que fazer em caso de lesões traumáticas na prática outdoor.
Traumas graves, que requerem mais atenção, não acontecem com um simples tropeço! Então, um agente desencadeante como um tombo mais feio, uma chicotada de cinta, uma capotada, um atropelamento, uma queimadura, um corte ou uma prensada em alguma ferramenta tem que ter acontecido. A partir daí começa o socorro.
O primeiro passo é identificar a lesão e a mecânica dela. Assim como a força que causou o acidente e a capacidade desta de provocar danos em uma ou mais áreas do corpo.
Nesta matéria, vamos aprender um pouco sobre fraturas e luxações!
Como identificar e o que fazer
Normalmente se identifica por uma descontinuidade da anatomia normal. Isso significa que ao olhar você verá uma perna com ‘curvas meio estranhas’. Mas essa é a parte fácil. Lesões mais simples costumam ser mais comuns e mais difíceis de identificar por pessoas não treinadas. Independentemente disso, o tratamento imediato será o mesmo e é ele que nos interessa no momento.
Sendo uma fratura (o osso quebra e provoca dor e descontinuidade, podendo até mesmo rasgar a pele e ficar exposto) ou luxação (a articulação ‘sai do lugar’ e provoca muita dor, podendo lesar vasos e nervos, causando danos sérios aos sistemas cardíaco e vascular, além de sequelas neurológicas), a orientação é a mesma. Se você não sabe o que fazer e nunca teve um treinamento de primeiros socorros, imobilize na mesma posição que está e leve a vítima para um hospital o mais rápido que puder.
Se você ou alguém de seu grupo já recebeu algum tipo de treinamento, a vítima pode ser mais bem assistida com uma mobilização simples, que levará o membro (perna ou braço) para a posição anatômica (de continuidade normal). Esta ação aliviará a dor, diminuirá os riscos de maiores danos e facilitará o transporte.
Durante essa mobilização é importante evitar o contato das extremidades das fraturas, evitando, assim, maiores danos ao tecido em volta dela. Assim sendo, um movimento de tração no mesmo sentido do membro (afastando os fragmentos) e do alinhamento da fratura é importante. Esse movimento deve ser lento e suave, e usando as articulações antes e depois da fratura como pontos de apoio.
A imobilização deve ser feita usando talas especifica, mas, na falta delas, pode se usar o membro contra lateral (amarrando as duas pernas juntas, por exemplo) ou usar jornais, revistas, galhos ou tapetes de borracha.
Cuidados a tomar
• Precaver-se nos cuidados com a segurança de quem vai prestar o socorro. Lembre-se que ao causar mais vítimas, você estará piorando a situação ao invés de ajudar. Por isso, se o carro estiver capotado ou alguém tiver rolado um barranco, analise os riscos antes de se aventurar no resgate.
• Uma fratura de um osso longo, como um braço ou perna, normalmente é causada por um trauma de grande energia e, se isso ocorrer, mais lesões que provocam risco iminente de morte da vítima podem estar presentes. Nesses casos (um capotamento mais sério ou uma queda de grande altura, por exemplo) não basta simplesmente alinhar uma fratura. Uma avaliação mais completa pode ser necessária. É aí que entra o protocolo de atendimento às vítimas de trauma, também conhecido por “ABCDE”.
• Luxações não devem ser reduzidas (colocadas no lugar) por pessoas sem treinamento adequado. Imobilize do jeito que está e vá para o hospital.
• Fraturas são lesões que sangram e causam edemas e hemorragias internas. Por isso é importante mantê-las imóveis durante o transporte.
• É importante prestar atenção para objetos e roupas que possam causar garroteamento (se quebrou, provavelmente vai inchar) e tentar tirar anéis, pulseiras, sapatos apertados. No caso de botas, o solado pode ajudar a manter o pé e o tornozelo estáveis, mas é importante soltar o cadarço.
• Elevar o membro pode ajudar a evitar o edema e o sangramento. Gelo ajuda bastante também.
• Se a fratura estiver exposta, cubra com um pano limpo e corra para o hospital.
• Se o acidente foi sério e precisa de recursos de fora, busque ajuda (peça a alguém que chame socorro) e mantenha sempre a calma e o espírito de liderança, dando aos que estão em volta tarefas que o ajude a salvar a vítima.
• Em caso de socorro pelo corpo de bombeiros, ambulância ou helicóptero, marque um ponto de encontro onde esses veículos possam ter acesso, e, enquanto o deslocamento deles é feito, transporte a vítima com cuidado até lá.
O que nunca deve ser feito
• Nunca deixe a vítima sozinha ou deixe de socorrê-la.
• Não tente ser herói! Se houve um acidente mais sério, avalie bem os riscos e trace estratégias para ajudar sem causar mais danos às vítimas e a você.
• Jamais perca o controle ou entre em desespero. Nem sempre é possível ajudar uma vítima de acidente grave. Devemos ter em mente que o possível pode não ser o suficiente.
• Nunca negligencie a prevenção. Ela será sempre o seu ponto de partida para nunca ter que usar nenhum treinamento em socorro e resgate!
• Se você não faz ideia de como agir em caso de acidente, procure um curso de primeiros socorros! Nós do PSOR estamos sempre prontos para marcar um treinamento em sua cidade com seu grupo!
• Evitar acidentes é dever de todos, mas como nem sempre é possível, caso aconteça com você ou seus amigos, é sempre bom estar preparado e saber o que fazer. Lembre-se sempre: Segurança em primeiro lugar!
por: Felipe Marx
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