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Mecânica x Eletrônica
Colocamos dois especialistas em um debate: qual a melhor opção para o propulsor diesel, injeção mecânica ou eletrônica?
Há tempos esse impasse ocorre entre essas duas correntes distintas de defensores; de um lado, aqueles que preferem os avanços da tecnologia com seu alto valor agregado quanto a emissões de poluentes e facilidade no acerto do motor e, por outro lado, os conservadores, que não abrem mão da confiabilidade e baixo custo de manutenção. Com a finalidade de esclarecer as reais diferenças aos leitores, a Planeta Off-Road resolveu consultar duas renomadas empresas de preparação do segmento, ambas com respeitável know how quando o assunto é motor diesel de alto desempenho.
“Se algum dia o seu motor precisar de manutenção em algum local remoto, o que você faz?” – essa é a pergunta mais repetida pelos amantes da injeção mecânica. “E quando você vai entender que a preocupação com consumo e emissões é uma coisa para se pensar hoje e não amanhã?” – é a pergunta e, ao mesmo tempo, a resposta ao seu amigo.
De certa forma é verdade e bem coerente afirmar que a injeção mecânica, já bem difundida no Brasil, apresenta uma boa acessibilidade a peças de reposição. É bem comum encontrar o que se precisa na maioria das lojas de peças do segmento espalhadas por todo o país. E a mão-de-obra, em alguns casos, pode ser feita até mesmo pelo proprietário do veículo. De toda forma, com a crescente produção e demanda por carros com injeção eletrônica, essas mesmas lojas começam a renovar seu estoque, procurando atingir o público que opta por um veículo com eletrônica embarcada. Sem mais enrolações, vamos saber o que dizem os especialistas!
Marcio Medina, proprietário da empresa Euro Performance (detentora da marca SFI CHIPS), explica que os benefícios da injeção eletrônica são inúmeros: “Quando se trata de um propulsor com injeção eletrônica, estamos falando em menor consumo, estequiometria mais equilibrada, menor emissão de poluentes, maior eficiência energética, melhor acerto do motor e tempo de manutenção e detecção de problemas bem inferior aos propulsores com injeção mecânica”. Maurício Moreira, preparador responsável pela Rasch Motoren, diz “Se o objetivo é alto desempenho, procuramos atomizar ao máximo o fluido (diesel), e nisso o sistema eletrônico o faz de forma vantajosa se comparado ao tradicional (bomba injetora). De toda forma, o preparador salienta: “atualmente existem injetores mecânicos com vazão diferenciada que proporcionam melhor desempenho ao motor”.
Para exemplificar de forma prática, os dois especialistas usaram como base um propulsor MWM 2.8, que permaneceu quase inalterado entre as suas fases de injeção mecânica e injeção eletrônica. Vamos aos fatos!
Diagnóstico
No sistema mecânico, é feito através de diagnóstico por parte do profissional envolvido. Não existem muitas ferramentas para apontar as falhas. Por outro lado, a sua “simplicidade” na concepção permite ao mecânico detectar de forma objetiva qualquer anomalia no sistema. “O motor dá claras evidências da sua saúde, mas o profissional deve entender a linguagem da máquina, caso contrário, troca-se muitas peças e o defeito ainda persiste”, ressalta Mauricio Moreira.
No propulsor com eletrônica embarcada o diagnóstico é feito através de scanner, detectando possíveis códigos de avarias em sensores que fazem a ECU (central eletrônica ou simplesmente módulo) tomarem uma decisão baseado no cruzamento de informações. “O scanner nos fornece uma leitura primária de um código de avaria, mas é importante saber interpretar isso. Muitas vezes, esse erro apontado é causado por outro problema. Assim, saber a sequência de funcionamento das peças é primordial”, relata Marcio Medina.
Acerto do propulsor
No caso da injeção mecânica, como dito acima, baseia-se na experiência empregada pelo profissional, com o uso de técnicas e ferramental apropriados. Para um ajuste mais fino, existe a possibilidade de substituição das peças originais por outras que visam otimizar a queima, gerando economia ou ganho de desempenho, de acordo com a proposta de cada um. Neste caso, o trabalho pode durar um dia ou até mesmo uma semana. No sistema eletrônico, grande parte dos parâmetros (ajustes) pode ser feita através da ECU, com scanner habilitado para o propulsor em questão e pela interpretação prudente e cautelosa por parte do profissional. O tempo de execução é reduzido, podendo variar entre alguns minutos ou algumas horas.
Alto desempenho
Se o foco é performance, ao compararmos dois propulsores com características similares, o eletrônico leva a melhor, principalmente na opacidade. “A grande magia da eletrônica está em manipular todo o processo que, em determinadas situações, exige a injeção de pequenas quantidades de combustível na fase de exaustão, perpetuando a queima e mantendo a temperatura no coletor/segmento, objetivando o controle de poluentes. Muitas vezes, isso contraria o conceito de que emissões e consumo caminham no mesmo sentido. Um outro conceito é que eu não consigo pensar em alimentação sem juntar os três pontos fundamentais: pressão, vazão e tempo de injeção, e isso o sistema eletrônico manipula com maestria”, lembra Marcio Medina. Todos esses parâmetros podem ser feitos manipulando a ECU com equipamento adequado, no caso das novas S-10 com central Bosch EDC 16+, o processo é feito na bancada e dura, em média, 2 horas.
O ganho de desempenho na injeção mecânica requer a substituição de alguns componentes básicos, muitas vezes desenvolvidos pelo próprio preparador, baseado nos dados coletados em testes constantes. “No caso do MWM 2.8, é possível um razoável ganho de desempenho apenas substituindo o sistema de bicos, coletor de escape e, caso o cliente queira, intercooler e turbina são adicionados ao pacote. A condução do veículo fica mais prazerosa e a emissão bem controlada. Em casos mais específicos, podemos realizar alterações internas para ganhar ainda mais desempenho sem abrir mão da durabilidade”, diz Maurício Moreira.
Durabilidade
Este é o ponto crucial da discussão. Em tese, a construção estrutural é a mesma, diferenciada apenas no sistema de injeção. Mesmo assim, neste quesito, o sistema de injeção mecânica acaba levando vantagem. Maurício faz a seguinte observação: “O sistema mecânico (bomba injetora) não é tão eclético, perdendo ‘pontos’ em emissões, desempenho, material particulado e controle de temperatura de câmara. Mas vale observar que é comum encontrar motores em lugares remotos, seja qual for a aplicação, em que a manutenção preventiva não existe e o combustível é de qualidade duvidosa. Mesmo assim, continua funcionando de forma ‘satisfatória’ nos últimos 35 anos (em especial, LowSpeed com bomba em linha)”. “Em um motor eletrônico, o tratamento dispensado certamente não pode ser o mesmo que no sistema mecânico. A exigência de uma manutenção preventiva se faz mais constante e necessária, principalmente a substituição dos filtros e fluídos. O pior veneno para um motor com injeção eletrônica é o diesel de baixa qualidade, com alto teor de enxofre, e isso é bem comum em locais longe dos grandes centros. Essa exigência se faz ainda maior quando se trata de sistemas com filtros de micropartículas”, complementa Marcio.
Análise final
No decorrer da matéria, os dois profissionais concordam em dizer que, seja qual for a concepção do motor, o que mais vale é a escolha certa para o tipo de aplicação e a acessibilidade – por parte do proprietário – às peças de reposição e custo com manutenção. A conclusão é que não existe o motor melhor ou o pior, existe aquele que mais se adapta às necessidades e que se enquadre em nossa realidade. Mais importante que o sistema de injeção é a capacidade de analisar o propósito a que se destina essa aquisição e qual a relação custo x benefício que ela trará. Ao combinar alta pressão e um fracionamento controlado pelo gerenciamento eletrônico, se obtém uma sequência múltipla de ‘spray’, acelerando o processo de combustão. Talvez essa seja a grande vantagem do sistema eletrônico, mas a bomba injetora ainda tem seu lugar garantido, com sua “simplicidade e robustez”, aceitando praticamente qualquer situação adversa que um sistema eletrônico não suportaria.
por: Márcio Medina
fotos: Filipe Nevares
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