• (15)
  • (50)
  • (28)
  • (8)
  • (25)
  • (6)
  • (50)
  • (19)
  • (53)
  • (69)
  • (120)
  • (22)
  • (31)
  • (28)
  • (29)
  • (7)
  • (18)
  • (36)
  • (20)

Anuncie também

Anuncie gratiutamente na mais completa seção de classificados off road da web brasileira

Renegade
setembro 12, 2015

Renegado?

Andamos na trilha com o novo modelo da Jeep para descobrir se vale a pena negá-lo ou amá-lo 

Poderia começar o texto sobre as minhas impressões do Renegade Trailhawk falando da nova fábrica da Jeep no Brasil. Mas ninguém aqui quer ler sobre isso e existem dezenas de matérias sobre o assunto. Então, vamos ao que interessa: o teste do Renegade modelo Trailhawk no uso off-road. 

Primeiramente, é preciso entender de uma vez por todas! Não é porque o Renegade possui tração nas quatro rodas e é fabricado pela Jeep (divisão da FCA – Fiat Chrysler Automobiles), que o modelo é um ‘jipe’. Vejo muitas comparações absurdas por aí. Projetado para ser um SUV compacto de caráter mais urbano, o Renegade nem de longe foi concebido para ser um Wrangler. Quer um Jipe da Jeep? Compre um Wrangler. Quer outras opções para uso como jipe? Você pode escolher um Troller ou um mais espartano, o Suzuki Jimny.  

Vamos tentar compreender a que categoria o Renegade pertence. Quais seriam os veículos 4×4 que concorrem com o Renegade (ou pensam que concorrem) ou estão em uma faixa aproximada de concorrência com o SUV Compacto com tração 4×4? Basicamente, os principais concorrentes do Trailhawk são o Renault Duster, Ford Ecosport, Toyota RAV 4, Honda CR-V e Mitsubishi ASX. Os preços variam de R$ 78 mil a R$ 117 mil. Esclarecida essa questão, vamos ao teste. 

Design e Interior 

Não gosto de falar do design de nenhum veículo. Cada um tem um gosto e não há discussão. Particularmente, não achei o Renegade bonito. Para mim, ele é uma mistura de Kia Soul com Niva e Uno. Pelo menos a mistura ficou mais bonita que qualquer um dos citados.  

Uma coisa que me chamou a atenção e me fez ficar apaixonado pelo carro foi o painel e design interior. A ergonomia e o acabamento são perfeitos. Acertaram nos detalhes em vermelho, na logo da Jeep nas caixas, no detalhe ‘Since 1941’ no painel, no desenho de um jipinho no para-brisa, no splash de lama no conta-giros e por aí vai. Pequenos detalhes que dão um charme enorme ao veículo. Por falar em enorme, imagine um veículo que por fora parece ser pequeno, mas quando se entra descobrimos que estamos em um SUV de verdade. E olha que não sou referência de espaço. Gordo que só eu, um habitáculo para esse ‘corpitcho’ não é nada fácil! Fiquei a vontade e com espaço de sobra. Imagino que aqueles que estão dentro dos padrões corpulentos aceitáveis irão se sentir num sofá. O interior do Renegade já me faria comprá-lo. 

Renegade

Aliado a isso, toda a eletrônica embarcada, em comparação aos concorrentes, facilita em muito a decisão. O que eu acrescentaria ao interior, pelo seu apelo aventureiro, seriam mais tomadas USB e 12V, já que aventureiro que se prese anda com GPS, iPods, tablets, uma boa geladeira para viagens longas, e de preferência uma tomada 110/220v para nossos notebooks. Esses mimos fazem diferença no dia-a-dia de quem gosta de pegar um 4×4 e viajar. Conforto o Renegade tem para uma longa viagem, agora vamos analisar se tem algo mais para encarar aventuras.  

 

Loja Planeta Off-Road

 

Motor 

Utilizando o motor Multijet II com turbina variável, o Renegade possui uma performance fantástica. De saída, o motor me pareceu meio lento, mas normalmente motores diesel eletrônicos não têm arrancadas explosivas. Lembrou-me até o V6 do Wrangler, antes do lançamento do PentaStar. No asfalto dá pra andar a 160 km/h a menos de 2.500rpm. Como todos os veículos da linha Jeep, a velocidade é limitada a 180 km/h. Fico imaginando o carro sem limitador e com uma reprogramação leve.  

Segundo dados da fábrica, o Renegade chega a fazer 15 km/l na estrada. Se fizer 10 km/l, já teremos uma autonomia de 600 quilômetros, o que o torna um bom veículo para viagens com trechos longos. Uma coisa é certa: no seu segmento, nenhum outro carro possui motorização diesel e a relação de torque do Renegade. Para muitos compradores, já é um ponto primordial na escolha do seu próximo companheiro de aventura.  

Por falar nisso, o motor vai mandar bem em um rally. Excelente retomada. Várias vezes acelerei fundo na estrada de chão, com o controle de tração desligado, precisando corrigir a trajetória, e o motor deu conta de trazer o carro de volta. O veículo possui uma geometria boa e um acerto de suspensão favorável para o uso em rallies.  

Renegade

Transmissão 4×4 inteligente 

O sistema de tração sob demanda envia até 40% da força para as rodas traseiras. Em situações normais o eixo traseiro é desacoplado, funcionando como um carro de tração dianteira. Nesta versão Trailhawk, a relação de diferencial é mais curta e, aliada à redução da caixa de transferência, dá ao carro uma relação final de 20:1.  

Abaixo dos comandos do ar-condicionado, fica localizado o botão giratório do SelecTerrain, com opção de reduzida, inédito entre os concorrentes. O SelecTerrain atua sobre motor, transmissão, freios e controles eletrônicos para transpor os obstáculos. São cinco opções de tração: Mud (lama), Sand (areia), Rock (pedras), Snow (neve) e Sport que limita o controle de tração.  

Na trilha 

O Trail Rated, selo que aponta qual é o modelo mais off-road de cada linha da Jeep, está presente no Trailhawk. Para receber esse selo, o Renegade Trailhawk adotou suspensão um pouco mais elevada, 1,2 cm, criando ângulos mais favoráveis ao off-road: 31º de entrada, 22,8º central e 33º de saída. Fomos conferir se a versão merece o selo. 

Rodamos aproximadamente 40 quilômetros em estrada de chão, alternando trechos rápidos e travados, com subidas e descidas íngremes e escorregadias, trechos de pedras nível básico, mas que exige cuidado para não danificar o veículo e uso de reduzida, trechos com lama nível médio. 

Peguei o Renegade marcando 72 km no hodômetro e segui para o Morro dos Guararapes, local que possui ladeiras erodidas, boas para começar o test drive. Na subida já deu pra perceber o torque do motor. O carro subiu quase sozinho, reduzido é verdade, mas quase não toquei no acelerador, ou seja, torque de sobra. Na descida, pela ladeira com erosão, o controle de descida mostrou-se perfeito, segurando o Renegade a 3 km/h, freando quando necessário, corrigindo a tração e fazendo com que descesse com toda segurança. Após ser aprovado com mérito na descida com erosões, segui para uma pista de Bicicross. Atravessamos o Renegade em uma rampa forçando um ‘X’ na suspensão e depois subindo por uma parte escorregadia. O sistema de tração foi compensando as derrapagens e levou o Renegade até o alto sem escorregar ou patinar  

Renegade

Saímos do Parque do Monte Guararapes e seguimos para o Cabo de Santo Agostinho pelos Canaviais. O primeiro trecho é desafiador para veículos baixos, já que andamos em pedras escorregadias, o que pode danificar o veículo com batidas laterais e por baixo. O sistema de tração compensou o pneu de uso misto de baixa capacidade off-road, vencendo com maestria os obstáculos. Usei a reduzida o tempo todo, o que facilita o controle do veículo, tanto na desaceleração como na aceleração. Preferi seguir usando o sistema de marcha manual na direção, usando sempre o assistente de descida, para ver seu limite e a força do motor diesel. Mais altura do solo facilitaria a aventura em trechos mais pesados, mas, de forma geral, o Trailhawk foi aprovado em pedras.  

Passamos o primeiro trecho e nos deslocamos pelo canavial. No primeiro obstáculo, com lama preta, a preocupação era o carro agarrar no facão devido à altura livre. Coloquei então a roda de um lado em cima e outra dentro. Mas pneus lisos não permitem ficar muito tempo nessa situação, mesmo com controle de tração segurando o Renegade. Quando desceu, foi ‘pé no porão’ e pronto, passamos o primeiro trecho de lama, onde poderíamos ficar atolados. Sinceramente, pensei que seria puxado. 

A subida da mata estava molhada e bem escorregadia. Senti, em alguns momentos, o Renegade compensando e corrigindo a tração, mas chegamos ao topo sem sustos. Dentro da mata, com o piso extremamente molhado e escorregadio, deu para acelerar forte e sentir o sistema corrigindo os pneus e mantendo o veículo controlado. 

No trecho de alagados, procuramos locais não tão profundos, já que a tomada de ar é na altura dos faróis (com um snorkel será possível enfrentar trechos mais fundos). Por onde passou, em velocidade alta ou baixa, a água e a lama, em nenhum momento, fez acender algum alerta. Olha que passei sem pena em alguns trechos de lama de massapê, até porque, se aliviasse, ficaria atolado até o teto! 

O trajeto final da nossa trilha, foi em uma área encharcada com muito massapê. Comecei andando devagar e testando os diversos tipos de acertos do sistema 4×4. Depois de enfrentar os atoleiros com pé embaixo para ter ajuda da inércia, já que os pneus de asfalto não estavam ajudando em nada, resolvi testar o arrasto do Renegade. Entrei no primeiro atoleiro lentamente e parei, logicamente que sem inércia os pneus patinaram. Testei os tipos de tração do sistema SelecTerrain. Não adiantou. Estava atolado e acelerando mais forte fiz com que as rodas ficassem no ar. Queria testar o peso do arrasto em relação a puxada de outro veículo. Colocamos a cinta na Triton e pedi para evitar tranco forte, apenas pequenas puxadas. Aqui ressalto que os ganchos do Renegade são excelentes, pela posição e pelo design. Após algumas puxadas, sem que eu auxiliasse no motor, senti que o veículo não possui muito arrasto. Bastou uma puxada, ajudando com a tração do carro, e o Renegade estava fora do enrosco. 

Voltei pelos mesmos atoleiros, agora com pouco mais de aceleração, para me divertir na lama. O Renegade tem um grande trunfo ao passar nos atoleiros: não joga lama para frente. As caixas de roda são desenhadas para dissiparem a lama ou água para as laterais e não para cima do carro e do motor. Assim, com toda lama que enfrentou, sujou pouco. Estava finalizado o teste drive off-road do Renegade. 

A minha impressão é de que o Renegade poderia ser um jipe, bastava mais altura de solo e pneus apropriados.

Para um veículo 100% original, este SUV chegou onde muitos 4×4 com pneus e alturas iguais, andando nas mesmas condições, não chegariam. Em vários momentos, todos ficaram admirados com a performance do Renegade e com o seu sistema de tração. 

Eu diria que o Renegade Trailhawk me surpreendeu no trajeto off-road. Conseguimos chegar ao final da trilha, superando ladeiras escorregadias, atoleiros que não seriam tão difíceis se tivessemos pneus adequados, mas que superou com maestria devido ao seu sistema de tração e gerenciamento eletrônico das rodas. Os tripulantes e apetrechos totalizaram mais de 400 kg e, em momento algum, colocamos em risco o veículo ou seus ocupantes.  

Renegade

Apesar de ser um SUV Compacto, o Renegade tem sangue de jipe. Como há 50 anos, quando se construiu o primeiro jipe da Jeep no Brasil, coincidentemente na região de Jaboatão dos Guararapes, onde fizemos a trilha, a empresa volta a produzir um veículo off-road, desta vez, sem a pretensão de ser um jipe, mas com DNA da marca. 

O Renegade possui espaço interno, conforto e desempenho para ser um grande 4×4 aventureiro. Com as devidas modificações, assim como qualquer 4×4, vai mais além. Pode comprar o seu, colocar as bagagens, conectar seu iPod e sair desbravando as trilhas, praias e todos os belíssimos lugares de nosso País. Recomendo! 

 

 

 

Comentários