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XTerra Transamazônica
Grupo se une para fazer uma grande aventura a bordo de três Nissan XTerra
No dia 6 de abril de 2018, seis offroaders partiram, a bordo de três Nissan XTerra, para a Transamazônica. Mas a aventura não começou ali. Antes disso, houve um longo período de planejamento e preparação, tanto dos veículos quanto dos participantes.
Os veículos foram bem revisados para a empreitada. As condições das estradas na região são as piores possíveis e quebras nos veículos são comuns, quase uma regra. Por isso é essencial, também, levar peças de reposição e pessoas com conhecimento em mecânica. Modificações nos veículos, também, são necessárias, como pneus maiores e do tipo “mud” ou “recapados agressivos”, proteções inferiores, guincho, snorkel, rádio PY, bagageiro, dois estepes, faróis auxiliares, 40 litros de combustível extra, reservatório de água, ferramentas, geladeira, ventilador e etc. Os participantes devem estar em boas condições de saúde, com as vacinas em dia, providos de roupas adequadas, alimentos, repelente, protetor solar e muita disposição.
A viagem de ida transcorreu bem com apenas um imprevisto, a correia de um veículo que arrebentou antes de Cuiabá. Passamos por Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Rondônia e, depois de 3.200 km, chegamos em Humaitá/AM, nossa cidade base para a primeira parte da Expedição. De lá partimos para a cidade de Lábrea, onde termina a Transamazônica. Levamos um dia inteiro para percorrer duzentos quilômetros, devido aos lamaçais e a ajuda aos veículos atolados. Motos, caminhões, ônibus, carros, uma caminhonete que levava cilindro de oxigênio para o hospital de Lábrea e duas viaturas do Exército fizeram parte do cardápio da ajuda do dia. Na volta para Humaitá encontramos a mesma situação, acrescentada de uma quebra do eixo cardã de um de nossos carros.
O dia seguinte foi destinado para compra de mantimentos e manutenção dos veículos. Os três XTerra tiveram que trocar suas pastilhas e sapatas de freio devido ao extremo desgaste causado pela lama. Partimos então para a BR-319 (Manaus – Porto Velho) sentido Manaus. A intenção era chegar até o trevo de Manicoré/AM, mas resolvemos parar antes, uma vez que já estava escurecendo. Acampamos numa torre da Embratel, como fazem todos os aventureiros na região. No outro dia, decidimos não ir até Manicoré devido às condições da estrada e retornamos para Humaitá.
Agora, pela BR-230 (Transamazônica), fomos em direção ao Pará. Esse trecho, apesar de não ter atoleiros pesados, tem tráfego mais intenso, travessias de balsas, pontes e terreno mais acidentado.
Começamos com a travessia de balsa pelo “mega” Rio Madeira. Nós, do sudeste do país, não conhecemos o que é ‘um rio’. Perto dos rios daqui, nossos rios são apenas “riachos, igarapés”.
Próxima cidade, Apuí, distante 400 km de Humaitá. Um trecho com pouca lama, mas muitos buracos, o que, aliado a quebras de pivôs e problemas de amortecedor e freios, atrasou muito a chegada a Apuí. Mais um dia de manutenção nos carros e seguimos para Jacareacanga, no Pará, com mais atoleiros, subidas escorregadias mais íngremes, travessias de balsas e muitas pontes. Depois, para Itaituba, onde percorremos quase 400 km com atoleiros e subidas íngremes. Passamos em uma região com atividade de garimpeiros e de características interessantes. Os aviões que atendem aos garimpos ficam estacionados ao lado da estrada, junto a um ‘restaurante / mercearia / hotel / posto de gasolina de avião’!
Seguindo em direção a Itaituba, o trecho ficou mais plano e com pouca lama, mas com excesso de buracos e trânsito. No trecho existem umas caminhonetes 4×4 que fazem transporte de pessoas e mercadorias de Itaituba, que é maior cidade da região, principalmente para os garimpeiros. Esses motoristas andam a mil, querem te ultrapassar em qualquer lugar e não têm dó do carro. Você vê carros novos literalmente caindo aos pedaços.
Em Itaituba, íamos encontrar com um pessoal de Santa Catarina para fazer uma travessia por trilha sentido norte até Juruti/PA, na margem do rio Amazonas. Esse trecho deveria ser percorrido com o auxílio de um guia da região, visto que são “ramais” abertos por madeireiros, com muitas bifurcações, sem sinalização, árvores caídas, atoleiros e completamente sem recursos.
Porém, optamos por seguir outra rota, indo em direção a Santarém/PA. Esse trecho da Transamazônica, teoricamente, deveria ser asfaltado, mas na prática é bem diferente. Existem pedaços asfaltados, outros com asfalto com muitos buracos, asfalto interrompido por ponte de madeira com passagem de apenas um carro, terra e atoleiro. Na ida percorremos um bom trecho à noite, até chegarmos a Santarém, o que foi muito perigoso. Nesse trecho, aproveitamos para conhecer Fordlandia. Na estrada de acesso fomos recebidos por uma jiboia tomando sol na estrada, que não gostou muito de ser importunada.
Dormimos em Santarém e às 5h00 pegamos uma balsa em direção a Juruti. Foram 03h30 de subida do Rio Amazonas em uma experiência muito interessante. Na balsa, existe um lugar coberto onde os viajantes podem armar suas redes para dormir, uma bem pertinho da outra; tem banheiro e lanchonete.
Desembarcamos da balsa e seguimos pela PA-257, ainda em direção a Juruti. A estrada é de terra, larga, mas com muitos buracos, o que impediu os veículos de desenvolverem uma velocidade maior. Depois de 2h30 de viagem, entramos numa trilha em direção à Cachoeira do Aruã, localizada na região do Rio Arapiuns. A trilha passava por várias tribos indígenas, casas feitas com sapê, plantações de mandioca e locais onde preparam a mandioca para fazer farinha. A comunidade onde está a cachoeira conta com uma microcentral hidrelétrica que abastece as casas e uma única pousada, a Aconchego do Aruã. Passamos o dia lá em merecido descanso, visto que o ritmo constante dessa ‘maratona’ é desgastante para todos.
No outro dia pegamos a trilha de volta, passando pelos alagados no meio da floresta e escutando o canto do “Capitão do Mato”, pássaro que, com seu canto forte, denuncia a presença de invasores na floresta. Tínhamos em mente a preocupação com o horário da balsa e resolvemos sair um pouco mais cedo, calculando em cinco horas o trajeto até o embarcadouro. Mesmo não sendo a melhor época para conhecer o lugar, decidimos seguir viagem para dormir em Alter do Chão.
Devido à cheia do rio Tapajós, as praias e os quiosques ficam encobertos, somente os telhados de sapê ficam visíveis. Mesmo assim aproveitamos o lugar fazendo um passeio de barco com o Índio Pitó, que nos mostrou lugares e costumes interessantes do seu povo; por exemplo, como colocar as mãos no formigueiro e esfregar as formigas no corpo, o que funciona como repelente. Comemos formigas tiradas por ele de um buraco no chão. Segundo ele, essa formiga é boa para curar dor de estômago, azia, queimação e até unha encravada.
O caminho de volta foi o mesmo da ida até chegarmos a Campo Verde/PA, de onde pegamos a BR-163 em direção a Cuiabá. Esse trecho de estrada tem um movimento enorme de carretas carregadas com grãos vindos de Goiás e Mato Grosso em direção ao porto de Mirituba no Rio Tapajós. Já era noite quando começou a chover. Com ela, vieram os atoleiros e logo encontramos um trecho parado. Várias carretas atoladas no nosso sentido e uma no sentido oposto impedindo qualquer passagem. Com a ajuda de uma caminhonete, fizemos um ‘trenzinho’ e conseguimos afastar uma das carretas, liberando uma passagem para os veículos pequenos. Depois de uma viagem cansativa chegamos em Novo Progresso para dormir.
Seguindo viagem, no dia seguinte atravessamos a divisa Pará/Mato Grosso em direção à cidade de Nobres. Para variar, mais uma parada técnica para reparar uma das viaturas com problemas de suspensão. Pouco antes de Nobres um carro começou a falhar e perder potência, até que parou totalmente. Fizemos a sangria nos bicos e depois de dez quilômetros, o mesmo problema novamente. Assim foi até chegarmos a Nobres. No outro dia, descobriu-se que o filtro de combustível estava entupido, com caldo preto parecendo melado, resultado da má qualidade do diesel na viagem. Passamos por Cuiabá e conseguimos chegar em Itumbiara/GO. Achávamos que já estávamos em casa, mas para fechar com chave de ouro, o cardã traseiro de um carro caiu no asfalto em Monte Alegre de Minas, uma cidade pequena perto de Uberlândia/MG. Reparada a viatura caímos na estrada para chegar em casa depois de 8.425 km percorridos.
No outro dia, um pouco descansados, começou uma pontinha de saudade daquela “maratona louca” que é fazer a Transamazônica na época das chuvas.
por: Maurício da Silva Santos
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