20 anos após ser lançado como SUV de luxo, esse Grand Cherokee ganhou uma preparação para enfrentar trilha pesada
“Você teria coragem de colocar um carro de US$ 70410, equipado com ar-condicionado, bancos de couro, computador de bordo, rodas de liga-leve e bancos com ajuste elétrico na lama? Pois é, embora o Grand Cherokee tenha características técnicas (como tração nas quatro rodas) que o permitem trafegar em terrenos acidentados, é difícil imaginar que alguém faça isso. Ele volta definido como utilitário-esportivo (veículo que reúne a robustez de um fora-de-estrada com o conforto de um automóvel de passeio), mas ficaria melhor na categoria dos automóveis de luxo.” Esse foi o começo de uma reportagem publicada na revista Quatro Rodas de setembro de 1996. Ele nos dá uma ideia bem clara de qual era o destino do recém reestilizado Grand Cherokee Limited: o uso urbano como carro de luxo. Foi assim por um bom tempo.
Mais de 20 anos se passaram e, para nossa felicidade, o Cherokee já é encarado como um veículo off-road. Não é o carro que mais se vê na trilha, mas também quase não se vê sendo usado como carro de luxo. Também já é relativamente fácil achar modelos que foram preparados para trilha. Este exemplar que ilustra a matéria é um dos representantes que provam que sim, o Grand Cherokee pode ser uma máquina de enfrentar trilha.
O idealizador do projeto e proprietário da máquina, um Grand Cherokee Limited V8 1997, é Bruno Zoffoli. O empresário mineiro de 36 anos conta que a ideia surgiu ao ter problemas em trilhas pesadas com seu Suzuki Vitara. As quebras constantes o levaram a planejar um carro que fosse capaz de enfrentar qualquer trilha sem quebras.
O primeiro passo foi comprar um Cherokee em bom estado para começar a preparação imediatamente. Já no início do processo, Bruno encontrou um segundo Grand Cherokee com um preço muito bom e não teve dúvida, levou o carro pra servir de fornecedor de peças.
O motor e caixa não sofreram grandes alterações, só em apenas alguns itens como o radiador em alumínio da Mastercooler e um intercooler para o câmbio automático. A bateria foi substituída por uma Optima Gel High Performance. A t-case original (NP249) deu lugar a uma NP231, mais resistente e com acionamento da 4×4 por alavanca.
Internamente, o Grand Cherokee recebeu uma gaiola de proteção da Leles Acessórios e, por fora, pintura preto fosco com detalhes brilhantes feito na Sabão Retoque, para-choques dianteiro e traseiro, proteções, rockslider e bagageiro, todos produzidos pela Tecnotrilha. Completando o pacote externo, o Cherokee está equipado com dois guinchos (dianteiro e traseiro) de 12.000 lbs e paralamas Bushwacker.
Mas foi no conjunto de suspensão, feito na Tecnotrilha, que o Cherokee recebeu a grande transformação. O monobloco recebeu um subframe que serve de base para os links das suspensões. Na dianteira, tem-se uma suspensão 3-link e, na traseira, utiliza-se um sistema 4-link. Em ambas, são usados amortecedores OffShox FX8. Os amortecedores do tipo coil over permitem o ajuste da altura do veículo, feito por meio das molas e de uma rosca no corpo do amortecedor, podendo ser regulado para qualquer situação.
Os eixos utilizados, também, merecem destaque. Na dianteira, o Grand Cherokee recebeu um Dana 60. A traseira passou a utilizar o eixo Dana 70. Ambos possuem relação 5,38, bloqueio Detroit Locker e axle truss para reforço. O conjunto de rodas e pneus, aro 17 com bead lock e pneus Mamute Insano 39”, além de ser condizente com o uso do carro, dá um visual bem agressivo ao Grand Cherokee.
Por: Adriano Rocha | Fotos: Adriano Rocha