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Os Números do Off-Road: ângulos, altura, profundidade e outros detalhes que fazem a diferença
No mundo do off-road, potência e tração são só parte da equação. A geometria do seu 4×4 é o que realmente define onde ele pode chegar — e onde vai ficar pelo caminho.
Neste artigo, vamos destrinchar os principais “números” do off-road: ângulo de ataque, ângulo de saída, vão livre do solo e o menos falado, mas igualmente importante, ângulo de transposição. Também vamos abordar profundidade de travessia, entre-eixos, além de dois pontos essenciais: inclinação lateral e rampa máxima. E pra fechar, uma pincelada sobre a Crawl Ratio, taxa fundamental nas trilhas técnicas.
Se você quer encarar trilhas mais pesadas sem raspar para-choque ou “sentar” o carro em uma pedra, cola com a gente e entenda como esses números interferem no desempenho fora de estrada.
1. Ângulo de Ataque: abrindo caminho
É o ângulo formado entre o plano e a parte mais proeminente do veículo (normalmente, o para-choque) tendo como referência o ponto de contato do pneu com o solo. Também chamado de ângulo de entrada, ele indica o quanto a frente do carro consegue enfrentar sem que a sua parte inferior toque no obstáculo.
Como se mede
Linha reta do ponto de contato do pneu dianteiro com o solo até o ponto mais baixo da frente do carro.
Porque importa:
Evita que o carro raspe a dianteira ao encarar rampas, pedras e buracos profundos.
Como melhorar:
• Para-choques off-road curtos
• Lift na suspensão
• Pneus maiores
2. Ângulo de Saída: pra sair inteiro da trilha
Equipado com um motor 2.0 turbo a gasolina com injeção diretbui mecanicamente, com uma caixa de transferência, entre os eixos dianteiro e traseiro.
Como se mede
Do pneu traseiro ao ponto mais baixo da traseira.
Porque importa:
Evita que o carro “sente” ao sair de rampas e descidas.
Como melhorar:
• Para-choques traseiros curtos
• Eliminar engates e acessórios baixos
• Suspensão elevada
• Pneus maiores
3. Vão Livre do Solo: passando por cima
É a altura entre o solo e a parte mais baixa da estrutura do veículo, que no caso dos veículos com 4×4 com eixos rígidos, é a bola do diferencial.
Porque importa:
Permite superar troncos, pedras e valas sem enroscar ou raspar o fundo.
Como melhorar:
• Pneus maiores
• Lift de suspensão
• Eixos portal
4. Ângulo de Transposição (ou Ângulo Central)
É o ângulo formado entre os eixos dianteiro e traseiro, medido a partir da parte mais baixa do centro do veículo.
Porque importa:
Veículos longos podem “sentar no meio” ao passar por obstáculos altos, como lombadas ou barrancos.
Como melhorar:
• Suspensão mais alta
• Skid plates (protetores centrais)
• Redução do entre-eixos (quando possível)
5. Profundidade de Travessia: até onde seu 4×4 vai na água
É a profundidade máxima de um alagado que o carro consegue enfrentar sem riscos sérios ao motor ou parte elétrica.
Porque importa:
Evita calço hidráulico e falhas mecânicas graves.
Como melhorar:
• Instalação de snorkel
• Vedação dos diferenciais e componentes elétricos
• Conhecer bem o terreno, não vai mudar os números do veículo, mas vai evitar cair numa enrascada.
6. Entre-eixos
O entre-eixos influencia diretamente no comportamento do carro em terrenos irregulares. Quanto maior o entre-eixos, menor tende a ser o ângulo de transposição — e mais difícil a manobrabilidade em trechos técnicos.
Como melhorar:
• Lift na suspensão
• Pneus maiores
• Escolher o tipo de carro certo para o tipo de trilha
7. Rampa Máxima: sobe até parede?
É o maior ângulo de subida que o veículo consegue vencer com segurança,sem que o motor engasgue ou sem que tombe para trás. A inclinação varia entre os modelos variando entre 30 a 45 graus. Pode ser medida em porcentagem: 100% = 45 graus, o que significa que, em 100 metros de percurso você sobe 100 metros de altura.
Porque importa:
Define a capacidade de vencer subidas íngremes sem empinar ou perder tração.
Como melhorar:
• Pneus de alta tração
• Bloqueios de diferencial
• Uso correto do câmbio reduzido
• Distribuição de peso equilibrada
8. Inclinação Lateral: quando o carro parece que vai tombar
É a aptidão do veículo para abordar um trecho inclinado sem tombar. Na verdade os utilitários e SUVs 4×4 não são os mais capacitados para essa manobra, pois são mais altos que os carros de passeio. Esta característica varia muito entre os modelos de 4×4 e é sempre recomendável que o condutor conheça este limite.
Porque importa:
Fundamental em trilhas de morros ou erosões laterais.
Como melhorar:
• Baixar o centro de gravidade
• Evitar peso extra no teto (como barracas ou galões)
• Aumentar a bitola com espaçadores ou eixos largos
9. Crawl Ratio: o quão reduzido é seu 4×4?
É a relação final do veículo. Ela define o quão reduzido seu carro é, levando em consideração todas as relações (câmbio, t-case e diferencial). Em outras palavras, é uma medida que representa o quanto o veículo pode andar devagar com o máximo de torque nas rodas — essencial em subidas técnicas e trilhas com pedras.
Quanto maior o número do crawl ratio, melhor para uso off-road extremo
Como calcular:
Relação da 1ª marcha × relação da caixa de redução × relação do diferencial
Exemplo:
1ª marcha (4.0) × caixa reduzida (2.7) × diferencial (4.10) = Crawl Ratio de 44.28:1
Como melhorar:
• Instale uma caixa de redução com multiplicação maior (ex: 4.0:1 ou 5.0:1)
• Use câmbio com 1ª marcha mais curta (maior relação)
• Troque o par coroa/pinhão por relações mais reduzidas (ex: de 4.10 para 4.88 ou 5.13)
• Adicione uma doubler case (duas caixas de transferência em série) para multiplicar ainda mais a redução
10. Ramp Travel Index (RTI): o alongamento do seu 4×4
O RTI mede o quanto a suspensão do veículo consegue flexionar ao passar por obstáculos. Em outras palavras, quanto o carro “torce” sem perder tração. A medição é feita com o carro subindo uma rampa de 20° com uma das rodas dianteiras, até que uma das outras rodas comece a sair do chão. A pontuação leva em conta a distância percorrida na rampa dividida pelo entre-eixos do veículo, multiplicada por 1.000.
Como calcular:
RTI = (Distância percorrida na rampa ÷ entre-eixos) × 1.000
Exemplo:
Se um carro com entre-eixos de 2,5 m sobe 1,8 m na rampa até a roda sair do chão, o RTI será:
(1,8 ÷ 2,5) × 1.000 = 720
Valores de referência:
RTI abaixo de 400: suspensão limitada
RTI entre 500 e 700: bom desempenho
RTI acima de 800: excelente flexibilidade
Como melhorar:
• Instalar links de suspensão com mais curso
• Substituir barras estabilizadoras por desconectáveis
• Melhorar o curso dos amortecedores
• Usar eixos com maior articulação
Aprenda sobre os números do seu 4×4
Não confie só nos números do manual. O que vale mesmo é a configuração real do seu veículo. Trocas de para-choques, lift kits, pneus maiores, acessórios como guinchos ou bagageiros no teto — tudo isso muda os ângulos e a performance real do seu 4×4 na trilha.
Quando se fala de off-road técnico, cada grau e cada centímetro contam. Entender esses números é o primeiro passo para preparar bem o carro e evitar sustos — ou prejuízos — no meio do barro.
Por: Adriano Rocha
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- Veja também: Glossário 4×4